06 setembro 2012

PLANOS PARA A REDUÇÃO DE ENTULHOS: Planejamento, Projeto, Construção, Manutenção.

Plano de redução de entulhos

Planos para a redução de entulhos:  Planejamento, Projeto, Construção, Manutenção.
Planos para a redução de entulhos:  Planejamento, Projeto, Construção, Manutenção.


O Plano de redução de resíduos deve considerar todas as fases do processo de produção de um edifício ou obra de infra-estrutura.
Todos os participantes do processo (planejamento, projeto, execução) devem estar conscientes de suas responsabilidades na redução da geração de resíduos.


Planejamento

Nesta fase deve ser considerada a qualidade do processo como um todo desde os projetos até sua construção. A qualidade do projeto e da cons-trução está diretamente ligada à qualidade da coordenação das equipes, que deverá se certificar de que o fluxo de informação seja eficiente (tempo e qualidade de informação técnica) para integrar a equipe de projetistas e responsáveis pelo processo construtivo.

No momento do planejamento para a escolha da tecnologia a ser utilizada, deverá se buscar a menor geração de resíduos, meio da aplicação de critérios norteadores como racionalização padronização e otimização. Informações sobre o ciclo de vida dos materiais a serem empregados nas diversas tecnologias, desde a extração da matéria-prima até o seu potencial de reciclagem, concluida a sua vida útil, devem ser consideradas. Materiais que permitam sua reciclagem, finda a sua vida útil, devem priorizados.

A capacidade dos colaboradores no canteiro de usar a tecnologia proposta deve ser considerada, visto que a qualidade dos serviços oferecidos por esses colaboradores pode potencializar ou minimizar a geração de resíduos em canteiros de obras.

No planejamento, decisões importantes podem ser tomadas como, por exemplo, quando o incorporador opta por deixar o acabamento de seus produtos (apartamentos, salas comerciais e outros) a escolha de seu cliente. Tal decisão evita “quebradeiras” desnecessárias e desperdício de materiais, que acabaram de ser aplicados e são retirados para atender “gostos” e necessidades específicas.

 Projeto


Há dois tipos de projeto a serem considerados: do produto e da produção. Quanto ao projeto do produto, que engloba projetos de arquitetura, instalações, estrutura e especiais, ressalta-se a necessidade de aplicar princípios de padronização e racionalização, devendo-se dar preferência à utilização de        componentes
padronizados e semi ou pré-fabricados. Os projetos deverão ser detalhados e compatibilizados entre si em todas as suas fases, visando a assegurar a qualidade e a racionalização do processo, tentando eliminar as casualidades das decisões no canteiro de obra. Como exemplo têm-se os projetos de alvenaria, projetos de revestimento, projetos de contra pisos e lajes, etc.

Para o projeto da produção, são essenciais as questões como recebimento de material, incluindo forma de empacotamento e armazenamento no canteiro, transporte (vertical e horizontal) e fluxo de materiais no canteiro.

O arquiteto e os engenheiros projetistas têm uma grande responsabilidade ao conceber e desenvolver projetos. As tipologias de edificações caracterizadas por formas mais compactas, a flexibilidade do projeto, a utilização de pré-fabricados de fácil montagem e desmontagem, com dimensões padronizadas (que permitam a sua reutilização no futuro), e o uso de materiais e componentes certificados e/ou produzidos a partir de resíduos reciclados podem ser apontadas como boas alternativas.

Quanto à flexibilidade dos projetos, ressalta-se que esta influenciará de fato o aproveitamento futuro da edificação e de suas partes, já que, freqüentemente, o usuário quer ampliar melhorar ou até mesmo personificar a sua edificação, visando a alcançar maior nível de satisfação. Desta forma, é preferível a utilização de um sistema construtivo que permita ampliações e outras modificações (planejadas anteriormente, em fase do projeto), em vez de soluções fechadas sem possibilidade de futuras intervenções ou, quando a única alternativa para a intervenção é a demolição.


Construção


Nesta fase é importante proceder ao controle da qualidade dos diversos serviços. Controle da padronização, do uso adequado de equipamentos para execução dos serviços, da utilização de colaboradores capacitados para cada serviço, da gestão adequada dos materiais no canteiro para que os cronogramas sejam cumpridos, dentre outros, são fundamentais para que a execução seja realizada com qualidade, visando à otimização do produto final, que é a edificação.

Durante a construção a qualidade da execução dos trabalhos assegura a minimização de perdas e a durabilidade da edificação. Essas perdas serão incorporadas ao edifício (por exemplo, espessuras muito grandes de argamassa de revestimento), ou então serão visíveis na forma de resíduos, ou entulhos. Os resíduos produzidos durante a fase de construção resultam das perdas do processo construtivo em suas etapas diversas, como planejamento, projeto, materiais, etc. A escolha adequada de tecnologias é fundamental no processo, já que influenciará na geração maior ou menor de perdas. Desta forma, por exemplo, pode-se citar que o uso de elementos pré-fabricados gera menor porcentagem de perdas que o uso do bloco cerâmico em alvenarias sem estudo de modulação.

Um outro exemplo é a prática de embutimento de instalações na alvenaria após a execução do emboço, por meio de corte, que sem planejamento e projeto prévios propicia maior geração de perdas.

Já a passagem de instalações no interior de blocos projetados especialmente para este fim, ou mesmo, o projeto detalhado de alvenaria, onde se pode projetar o trecho que será cortado diferentemente dos demais, proporcionará minimização das perdas. Visando à racionalização e à minimização de perdas e, consequentemente, à geração de resíduos no canteiro de obras, há necessidade de monitoramento e gerenciamento logístico, incluindo procedimentos formalizados para o controle da qualidade na entrega, no armazenamento, no transporte e na aplicação do material no canteiro.

Todo e qualquer trabalho em uma determinada empresa objetivando a melhoria da qualidade e as diminuições de perdas deve ser levado em conjunto com programas de qualidade. Estes programas na prática são implantados por meio da contratação de consultores, especialistas na área, os quais traçam planos e medidas a serem tomadas para a redução de perdas no canteiro. Em geral, é realizado a partir de um diagnóstico dos focos de geração de resíduos no canteiro de obra e da identificação de suas causas: esta fase é compreendida como uma espécie de diagnóstico da qualidade no canteiro, visando a mapear os focos de resíduos e a identificação das suas causas.

O diagnóstico das perdas no canteiro de obras permite à empresa estabelecer indicadores que, ao longo do seu processo de produção, poderão subsidiar decisões para a escolha da melhor tecnologia, buscando minimizar a geração de resíduo. Após o diagnóstico e a identificação dos focos de perdas no canteiro, deve-se elaborar um plano para as medidas corretivas a serem implantadas pela empresa visando à melhoria do processo e à minimização das perdas.


Manutenção

A redução de resíduos nesta fase está diretamente ligada à qualidade da construção e da manutenção da edificação. Uma edificação deve ser projetada e construída com base em princípios de qualidade e desempenho ade-quados, proporcionando a minimização de defeitos e a redução de gastos com a manutenção. O uso de materiais e componentes que aumentem a vida útil da edificação e de suas partes deve ser levado em conta, o que acarretará um gasto menor ao longo de sua vida útil.

Há dois tipos de manutenção, a preventiva e a corretiva, que evitam desgastes prematuros e preservam a vida útil da edificação. Um instrumento indispensável, que norteia as ações relevantes à manutenção, é o manual do usuário, o qual deve ser entregue junto com a edificação.

Este manual preferencialmente deve focar em:

Critérios e diretrizes de uso, operação e manutenção;
Datas de vistorias e troca/manutenção de materiais e/ou equipamentos;
Critérios de uso de equipamentos;
Diretrizes para treinamento de usuários em posição de gerência. Este último ponto é particularmente relevante para gestores públicos.

A manutenção aumenta, portanto, a vida útil da edificação e depende da conscientização por parte dos usuários (proprietários, ou não) sobre a res-ponsabilidade de cuidar da edificação visando ao prolongamento de sua durabilidade. Quando é finda a vida útil total do edifício, ocorre a demolição.

A demolição gera resíduos em grandes quantidades e a qualidade desses influencia a qualidade da reciclagem. A qualidade dos resíduos da demolição depende da tecnologia utilizada na construção da edificação, a qual permite que componentes e materiais sejam reutilizados quando demolidos e na tecnologia de demolição, que deve se fundamentar nos princípios da primeira. Esta última assume procedimentos que assegurem que edifícios sejam desmontados, e não simplesmente “quebrados”.
Fonte:http://www.biblioteca.sebrae.com.br/