05 setembro 2012

REDUÇÃO DE ENTULHOS ATRAVÉS DA GESTÃO DE OBRAS E RECICLAGEM



 Redução de entulhos através da gestão de obras e reciclagem


 Redução de entulhos através da gestão de obras e reciclagem
 Redução de entulhos através da gestão de obras e reciclagem
Redução

Para se compreender o mecanismo da geração de resíduos, é necessário que se analise o processo construtivo de edificações ou de obras de infra-estrutura que é constituído por cinco fases básicas: 

• Inicial (que inclui o planejamento e a análise de viabilidade do empreendimento);

• Elaboração de projeto;

• Construção (execução);

• Utilização (que implica na utilização da edificação e na realização de manutenção e reformas);

• Demolição (em geral ocorre quando acaba a vida útil da edificação).

 Ressalta-se que todos os participantes envolvidos nas diversas fases têm responsabilidades de prevenir e reduzir a geração de resíduos.

Entre os fatores que influenciam a geração de perdas, ressaltam-se, entre outros:

• A escolha da tecnologia (que influenciará na maior ou menor gera-ação de perdas);

• Falhas de projeto;

• A não compatibilização de projetos;

• A falta de procedimentos padronizados de serviços;

• O armazenamento e transporte inadequados de materiais no canteiro.


 Reutilização de entulhos


A reutilização dos resíduos e materiais pode ser considerada tanto na fase de construção quanto na fase de demolição. A reutilização hoje se torna de fundamental importância tendo em vista a escassez de matéria-prima cada vez maior no planeta.
A reutilização de materiais, elementos e componentes depende do projeto e de critérios norteadores na tomada de decisão sobre sistemas construtivos e tecnologias construtivas. Na busca de mais racionalização, em fase de projeto procura-se especificar materiais e equipamentos com maior durabilidade e maior número possível de utilizações.
Quanto ao processo de demolição, quando este for imprescindível, seja pelo fim da vida útil total do edifício, ou por motivos de forças maiores como, por exemplo, na ocorrência de incêndio, ou outro fenômeno, deve-se tentar proceder ao desmonte mantendo as partes intactas e/ou separadas para futuras reutilizações, seja em novos edifícios, seja em reciclagem. Observa-se que este objetivo será mais facilmente alcançado quanto maior for a racionalização definida na fase de projeto (uso de elementos padronizados e pré-fabricados).

 Reciclagem de entulhos


O conceito de reciclagem relaciona-se ao ciclo de utilização de um material ou componente que uma vez se tenha tornado velho, possa se tornar novo, prolongando a vida útil do material, completando, assim, o ciclo: ‘novo velho-novo’. A nova utilização de um material ou componente implica uma série de operações, em geral de coleta, desmonte e tratamento, podendo voltar ao processo de produção.
Este conceito se fundamenta na gerência ambiental, social econômica de recursos naturais, visando à gerência do ciclo de vida de materiais. Baseia-se, portanto, em um dos pilares da política ambiental, conhecida como gerência de cadeia integrada, incluindo a gerência do ciclo de vida dos materiais de construção, nas fases de produção, construção, demolição, reúso ou reciclagem e disposição.

A reciclagem se fundamenta em princípios de sustentabilidade, implicando a redução do uso de recursos naturais (fontes de energia e matéria-prima primária) e na manutenção da matéria-prima no processo de produção o maior tempo possível.
Minimiza. desta forma a necessidade de que matérias-primas primárias sejam extraídas desnecessariamente.


Composição dos entulhos


Os resíduos sólidos provenientes de canteiros de construção dividem se em resíduos minerais, papéis, madeira, vidros, metais, gessos, plásticos, entre outros.


A resolução 307 do Conama, de 05/07/2002, em seu artigo terceiro caracteriza os entulhos em quatro classes: 


• Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação. Exemplos: cacos de cerâmica, tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, concreto, argamassa, entre outros.

• Classe B – são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico, madeira, papel, papelão, metais, vidro e outros.

• Classe C – são os resíduos em que não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem, ou recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.

• Classe D – são resíduos perigosos, oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

Algumas estatísticas apontam porcentagens entre 60% a 80% de entulhos passíveis de serem reciclados (resíduos classe A e resíduos classe B de acordo com a Resolução 307).


aplicação dos agregados reciclados

Os resíduos sólidos provenientes de canteiros de obras, particularmente os resíduos classe A e classe B, de acordo com a classificação da Resolução 307 do Conama, são os resíduos com possibilidades de serem absorvidos por processos de reciclagem.

Os resíduos classe B, ou seja, papel, papelão, metal, plástico, entre outros, podem ser absorvidos por processos de reciclagem por indústrias externas a CPIC. Já os resíduos classe A (que se apresentam em maior quantidade) podem ser absorvidos pela cadeia principal da CPIC. Estes, uma vez reciclados, podem ser utilizados na execução de bases e sub-bases de pavimentação, na confecção de blocos para vedação, entre outros.

 A metodologia para identificação da aplicação dos RSC, aplicada especialmente aos resíduos classe A, vem respeitando alguns passos fundamentais (HENDRIKS, 2000; JOHN, 2000). Entre eles:

A caracterização dos resíduos com base em químicas, físicas e de microestrutura dos resíduos, visando inclusive a detectar possíveis riscos ambientais relacionados principalmente a metais tóxicos;

A caracterização dos resíduos permite identificar a relação entre fatores tecnológicos com a estrutura dos poros; e relação entre estrutura dos poros e propriedades do material.

Com base na análise anterior parte-se para identificação das possíveis aplicações dos resíduos de acordo com as necessidades da aplicação especificada. O processo de avaliação requer estudos de desempenho dos resíduos de acordo com a aplicação definida.

Uma vez definidos a aplicação e o processo de produção do resíduo, também se define a análise do seu ciclo de vida e, portanto, a avaliação de seus diferentes impactos ambientais. Esta análise inclui os impactos que podem ser identificados durante o processamento, a aplicação e pós-aplicação, considerando possíveis riscos ao solo, lençóis freáticos, ar e (dependendo do processo de aplicação) também aos usuários.

É importante ressaltar que a qualidade do agregado reciclado depende da qualidade dos resíduos a serem processados (HENDRIKS, 2000). Assim, quanto melhor forem selecionados os resíduos, maiores serão as chances de produzir um agregado de qualidade. Os resíduos classe A, por exemplo, uma vez processados podem produzir agregados com potencial de substituição do cascalho, brita e areia. Por isso não devem estar misturados a resíduos orgânicos, gesso e outras substâncias que possam influenciar suas propriedades, afetando seu desempenho como agregado.


 Consolidando a reciclagem

Além dos fatores técnicos relacionados à aplicação dos resíduos, a consolidação de um sistema de reciclagem depende de fatores como a densidade populacional, obtenção de agregados naturais e o nível de industrialização (IBAM, 2001). Além disto, devem ser consideradas as condições de recebimento e comercialização que dependem do estudo de viabilidade econômica do processo de reciclagem.

 O primeiro fator refere-se à capacidade da região ou município de alimentar um processo de reciclagem de acordo com o volume de resíduos produzidos pela indústria da construção local, a qual deverá alimentar os agentes recicladores com matéria-prima. Em outras palavras a capacidade local de ofertar resíduos de qualidade não implica estímulo à geração de resíduo, mas apenas, o diagnóstico do volume de resíduo gerado para estudo de viabilidade de instalação de um processo de reciclagem.

O segundo fator diz respeito às dificuldades da região ou do município de produzir agregados naturais como a areia, o cascalho e a brita. Esta dificuldade tende a estimular a busca de alternativas. A dificuldade de acesso a jazidas naturais pode justificar investimentos em tecnologia de reciclagem.

O terceiro fator está diretamente ligado à conscientização da sociedade sobre a importância e as vantagens da reciclagem. O estudo de viabilidade econômica para consolidação de um sistema de reciclagem deve considerar fatores relacionados a condições de recebimento dos resíduos e aspectos da comercialização, entre eles:

Localização das áreas legalizadas, visto que as distâncias interferem no custo do transporte, que por sua vez influencia no custo do agregado;

Quantidades a serem recebidas pelas áreas de recebimento (o que depende da localização dessas áreas na malha urbana);

Origens dos resíduos (que requer sistema de controle e fiscalização que deve ser compartilhado com o município);

A qualidade dos resíduos (que depende do gerador e a implantação de projetos de gestão de resíduos nos canteiros de obras, assim como de técnicas de demolição que assegurem a qualidade do resíduo);

Qualidade do acondicionamento e transporte do resíduo;

Disponibilidade de matéria-prima natural, qualidade e preços;

Qualidade, quantidade e custo de produção dos agregados reciclados.
Fonte:www.biblioteca.sebrae.com.br