25 março 2016

SUSTENTABILIDADE - A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a correta destinação dos resíduos nas empresas tornou-se lei, e o gerenciamento passa a ser uma necessidade e uma solução. A palavra de ordem é REDUZIR. E como a sua empresa deve proceder diante deste cenário?
SUSTENTABILIDADE - A GESTÃO DOS RESIDUOS SOLIDOS
SUSTENTABILIDADE - A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


RESÍDUOS SÓLIDOS SUSTENTÁVEIS

Até 2020, o Brasil deverá ter uma gestão integrada dos resíduos sólidos
Desde 2010, o Brasil tem uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, a PNRS. Essa política estabelece o prazo até 2020 para que o país tenha toda a estrutura necessária para dar uma destinação adequada a qualquer resíduo sólido (o que antigamente se chamava de lixo).

Para chegar lá, no entanto, será preciso agir nas áreas política, econômica, ambiental, cultural e social, com metas e prazos definidos. Até o final deste ano, por exemplo, devem estar prontos os Planos Nacional e Estaduais de Resíduos Sólidos. Até 2014, os planos microrregionais, os de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas e os planos municipais e intermunicipais, além dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos.

Tantas pessoas físicas (os consumidores), quanto as empresas serão responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos sólidos. É a chamada responsabilidade compartilhada, estabelecida pela lei. Os órgãos públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, por sua vez, são responsáveis pela organização e prestação direta ou indireta desses serviços. As empresas legalmente enquadradas como micro e pequenas têm critérios e procedimentos simplificados para apresentação desses planos
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Gerenciar os resíduos sólidos significa realizar um conjunto de ações capazes de solucionar o problema de destinação de todo material descartado pelas famílias, empresas ou órgãos públicos. Simplificando, é a coleta, o transporte, o transbordo, o tratamento e a destinação final adequada para cada resíduo e rejeito sólido. Claro que isso tudo deve seguir a regras definidas pelos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos exigidos pela Lei.

Essa política está conectada com diversas outras, sobre a água, a energia, o clima, o consumo, todas somando esforços no sentido de atingir o objetivo de criar uma forma de produzir bens e alimentos para todos sem emitir gases poluentes e ao mesmo tempo preservando a capacidade de produção da Terra, inclusive para as próximas gerações.

O QUE SÃO RESÍDUOS SÓLIDOS

Os especialistas asseguram que “lixo não existe, mas sim matéria prima não aproveitada”
Há alguns anos nossa sociedade descobriu que o lixo não é exatamente algo que se possa descartar em qualquer local, sem as devidas precauções. Os chamados “lixões”, que ainda persistem em diversas cidades brasileiras, são na verdade uma ameaça à saúde pública. Eles são fonte de poluição de diversos tipos. Podem contaminar não só o solo, mas também a água subterrânea, os córregos e rios, e o próprio ar, pela produção de gases prejudiciais ao homem e ao meio ambiente.

Além disso, a própria palavra lixo não serve mais para definir o material descartado diariamente pelas residências, empresas e órgãos públicos. Tudo o que no passado aprendemos a chamar de lixo deve ser chamado atualmente de “resíduo sólido”. Hoje, os especialistas asseguram que qualquer que seja o resíduo sempre haverá uma destinação mais adequada para ele do que simplesmente descartar. Da reutilização à geração de energia, tudo tem valor e pode inclusive tornar-se fonte de renda.

Que tipos de resíduos geramos

Existem diversos tipos e classificações para os resíduos sólidos, de acordo com a sua origem, natureza ou periculosidade.

Resíduos sólidos urbanos (RSU)

São originários de estabelecimentos comerciais, domicílios e da limpeza urbana (varrição de logradouros e vias públicas e outros serviços públicos de limpeza) e podem ser divididos pela composição química em:

orgânicos – compostos por alimentos e outros materiais que se decompõem na natureza, tais como cascas e bagaços de frutas, verduras, material de podas de jardins, entre outros;

• Inorgânicos – compostos por produtos manufaturados, tais como cortiças, espumas, metais e tecidos;

• Resíduos sólidos industriais – resultantes dessa atividade, podem estar em estado sólido ou semissólido, e incluem lodos e alguns líquidos contaminantes, que não podem ser lançados na rede pública de esgotos ou corpos d’água.

Resíduos especiais

Os resíduos são classificados também pelos riscos que representam para o meio ambiente e a saúde pública. Eles podem ser provenientes de atividades industriais, hospitalares, agrícolas, entre outras, e exigem cuidados especiais no seu acondicionamento, transporte, tratamento e destino final.

A Norma NBR-10 004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), classifica esses resíduos conforme descrição a seguir.

Classe I
Perigosos: apresentam riscos de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, entre outras características. Devem ser destinados a aterros especiais ou queimados em incineradores específicos para esse fim.

Classe II
Não inertes: materiais ferrosos e não ferrosos com características do resíduo doméstico.

Classe II B
Inertes: não se decompõem ao serem dispostos no solo, como os da construção civil.

Rejeitos

São resíduos que não podem ser reaproveitados ou reciclados, devido à falta de tecnologia ou viabilidade econômica para esse fim, como absorventes femininos, fraldas descartáveis e papéis higiênicos usados.

Os “erres” que reciclam nossos hábitos

Uma fórmula simples que ajuda a mudar a cabeça das pessoas na hora de dar uma destinação para seus resíduos.

A questão dos resíduos sólidos envolve a mudança de hábitos que há muito tempo estão arraigados em nossa sociedade. Para facilitar esta tarefa, a educação ambiental criou o conceito dos 3Rs – reduzir, reutilizar e reciclar, três palavrinhas que ajudam a lembrar o que cada um de nós precisa fazer na hora de tratar do problema. O sucesso da fórmula foi tão grande que hoje já se fala em 7Rs. Veja abaixo.

Repensar
Não tomar atitudes por impulso, ou seja, analisar a necessidade da aquisição, tendo como princípio, o questionamento sobre o que é fundamental.

Recusar
Ao concluir que determinado consumo é desnecessário, a atitude mais sensata é recusar a oferta. Isto vale para as atitudes mais simples, como recusar um folheto, entregue no farol.

Reduzir
Este é o princípio do consumo racional, sem excessos. Exige que não se adquira algo que não será utilizado ou consumido.

Reparar
Verificar, antes de destinar algo ao lixo, se tem conserto. A atitude pode sair mais barata e ainda contribui com a redução de resíduos.

Reutilizar
Um mesmo objeto pode ter múltiplas funcionalidades, sem agredir o meio ambiente. Por exemplo, uma garrafa PET pode se transformar em vaso.

Reciclar
Significa transformar objetos materiais usados em novos produtos para o consumo (metais, papéis e papelões, plásticos, vidros), mas depende da separação para a coleta seletiva. 

Reintegrar
É uma ação relacionada a alimentos e outros produtos orgânicos, que podem retornar à natureza. Um dos principais meios é a compostagem, para a produção de adubo.



PRÁTICAS

Cada brasileiro gera mais de 1 quilo de resíduos por dia.
O Brasil gera diariamente uma montanha de 183 mil toneladas de resíduos

De acordo com o IBGE, cada um de nós geramos em média 1,1 quilo de RSD, isto é, resíduos sólidos domiciliares. No caso dos resíduos industriais (RSI) esse volume é calculado em 97,6 milhões de toneladas por ano, de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Deste total, 93,8 milhões são perigosos.

A meta é ter um inventário nacional para o conjunto de resíduos produzidos pela indústria, a partir do Cadastro Técnico Federal (CTF), até 2014, que será atualizado a cada dois anos. As empresas potencialmente poluidoras e usuárias de recursos naturais serão obrigadas a enviar seus dados sobre resíduos sólidos.
 
Estimativa da composição dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil em 2008



Resíduos
Participação (%)
Quantidade (ton/dia)
Material reciclável
31,9
 58.527,40



Metais
  2,9
   5.293,50
Aço
  2,3
   4.213,70
Alumínio
  0,6
   1.079,90
Papel, papelão e embalagens cartonadas
13,1
 23.997,40
Plástico total
13,5
 24.847,90
Plástico filme
  8,9
 16.399,60
Plástico rígido
  4,6
   8.448,30
Vidro
  2,4
   4.388,60
Matéria orgânica
51,4
  94.335,10
Outros
16,7
  30.618,90
Total
100,0
183.481,50
Fonte: Plano Nacional de Resíduos Sólidos Versão Preliminar (PNRS)



Conheça o ciclo dos resíduos
Os resíduos sólidos urbanos devem passar pelo ciclo de geração, coleta, tratamento e disposição final
Quase 90% das residências contavam com o serviço de coleta regular em 2009, segundo dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Considerando apenas a área urbana, a coleta supera o índice de 98%. Já nas áreas rurais, não chega a 33%.

Do total de 94,3 mil toneladas por dia de resíduos orgânicos coletados naquele ano, somente 1,5 mil ton/dia, isto é, 1,6% é encaminhado para tratamento via compostagem. Apenas 211 municípios brasileiros possuem unidades de compostagem, a maioria nos Estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Em todo o país, cerca de 188,8 mil ton/dia de resíduos domiciliares e públicos recebem como destinação final os aterros sanitários, aterros controlados, vazadouros a céu aberto (lixões), unidades de compostagem, unidades de triagem e reciclagem, unidades de incineração, vazadouros em áreas alagáveis e outros locais de destinação (IBGE, 2010). 
Do lixão ao aterro sanitário

Antigamente os lixões eram considerados o destino final natural dos resíduos sólidos. Hoje, isso mudou.

Os lixões são uma forma de disposição ambientalmente incorreta dos resíduos sólidos (rejeitos) no solo, pois não preveem nenhum tipo de cuidado para evitar o impacto ambiental e os problemas de saúde pública. Pela Política Nacional de Resíduos Sólidos eles devem ser extintos no Brasil até 2014. Há ainda os aterros controlados, que são locais intermediários entre o lixão e o aterro sanitário. Alguns especialistas consideram que é um “lixão” um pouco melhorado, portanto, também é inadequado.

A disposição final de rejeitos mais adequada é em aterros sanitários, locais preparados, com tecnologia capaz de evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e reduzir os impactos ambientais. Os aterros sanitários adotam técnicas de impermeabilização do solo, para não contaminá-lo, assim como aos lençóis de água, fazem o cercamento para evitar a presença de pessoas e animais, a drenagem de gases que se formam na decomposição de matéria orgânica, das águas pluviais e do chorume, ou lixiviado. Além disso, cada deposição de materiais no local é coberta com uma camada de terra.

A unidade de compostagem é outra destinação segura que se pode dar aos resíduos sólidos orgânicos, isto é, aos restos de comida e outros materiais de origem animal ou vegetal. Na unidade de compostagem, o material orgânico passa por um processo biológico de decomposição, inclusive gerando produtos que podem ser aproveitados economicamente, como o adubo e o gás metano.

Resíduos sólidos domiciliares e/ou públicos no Brasil e sua destinação final em 2008




Destino final
Participação em 2008 (%)
Quantidade (ton/dia)
Aterro sanitário
58,3
110.044,400
Aterro controlado
19,4
36.673,20
Vazadouro a céu aberto (lixão)
19,8
37.360,80
Unidade de compostagem
0,8
1.519,50
Unidade de triagem para reciclagem
1,4
2.592,00
Unidade de incineração
<0 font="">
64,80
Vazadouro em áreas alagáveis
<0 font="">
35,00
Local não fixos
----
sem informação
Outra unidade
0,3
525,20
Total

188.814,90
Fonte: PNRS (Versão Preliminar)
  

No meio ambiente tudo está conectado

Tratar dos resíduos sólidos se reflete no saneamento básico, nas mudanças climáticas, na qualidade das águas...

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem relação direta com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) em diversos aspectos. O tratamento adequado dos resíduos sólidos urbanos melhora a qualidade dos córregos e rios, por exemplo, facilitando o tratamento da água para o consumo.

Por isso, o governo quer implantar uma política integrada entre os dois Planos, tanto que está criando o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir) no moldes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que já existe.

Além disso, os planos municipais de resíduos e de saneamento deverão estar interligados. Uma das relações entre os dois está no estabelecimento de prazo para a eliminação de lixões e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos até 2014.

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos tem relação também com os Planos Nacionais de Mudanças do Clima (PNMC), o de Recursos Hídricos (PNRH) e o de Produção e Consumo Sustentável (PPCS).

Na construção civil, um problemão o Setor é responsável pela geração de quase 100 mil ton/dia de resíduos sólidos, no país

Quem trabalha na construção civil conhece o tamanho do problema que os resíduos sólidos, ou o entulho, representa para o setor. Segundo estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2010, o volume estimado de coleta desse tipo de material no Brasil chegou a 99.354 ton/dia.

A versão preliminar do PNRS alerta sobre os impactos ambientais provocados pelo desperdício e pelo despejo irregular desse material. O Plano determina o seu gerenciamento adequado, para evitar que se acumulem em margens de rios, terrenos baldios ou outros locais inapropriados. A meta é eliminar em 100% as áreas de disposição irregular até 2014.

Desde 2002, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) já responsabilizava os geradores desse tipo de resíduo pela sua destinação adequada. (Resoluções 307/2002, 348/2004 e 448/2012). As áreas destinadas a receber o material descartado pela Construção Civil devem passar pelo processo de licenciamento ambiental e ser fiscalizadas periodicamente.

De acordo com o levantamento a Abrelpe, os resíduos da construção chegam a representar de 50% a 70 % da massa de resíduos sólidos urbanos, em algumas localidades. Dos 5.564 municípios brasileiros, cerca de 72% possuem serviço de manejo de resíduos da construção civil, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico.

Uma fonte de energia inexplorada - As usinas de biogás podem ser a solução para um grave problema ambiental 

Um dos impactos ambientais mais importantes dos lixões é a geração do gás metano (CH4) em decorrência do processo de biodigestão de material orgânico. O gás metano é incolor, sem cheiro, não se dissolve na água e pode explodir no contato com o ar. Junto com o dióxido de carbono (CO²), o metano é um dos principais gases do efeito estufa (GEEs), com capacidade de o aquecimento global 21 vezes maior que o CO².

A tendência mundial é de evitar a sua emissão para a atmosfera, abrindo espaço para um novo mercado, o das usinas geração de energia a partir do biogás (biocombustível) em aterros sanitários. Essas usinas são classificadas como fontes de energia renovável e usam como matéria-prima o CH4 e CO2. Por meio da queima do biogás, o metano se transforma em dióxido de carbono e em vapor d’água.

Algumas prefeituras e a iniciativa privada têm estabelecido parcerias nesses empreendimentos, que geram também recursos financeiros no Mercado de Emissões de Crédito de Carbono. A usina de biogás é um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), estabelecido no Protocolo de Kyoto, que gera créditos de carbono. Os países poluidores podem comprar esses créditos dos países que não têm significativas emissões e utilizam MDL.

Gestão de resíduos é bom para a saúde - A gestão adequada dos materiais descartados traz reflexos diretos na melhoria da saúde pública

Descartar os resíduos em lixões, ou em terrenos baldios, especialmente os orgânicos, provoca uma série de doenças. Atrai baratas, moscas, ratos, formigas e escorpiões, que podem transmitir de diarreias a parasitoses, e é ambiente propício para a proliferação de mosquitos, como o Aedes Aegypti, que transmite a dengue.

O chorume (líquido com elevada carga orgânica e coloração escura, produzido pela decomposição química e microbiológica dos resíduos sólidos), não tratado, permanece agindo no meio ambiente como poluente e pode contaminar os lençóis d’água, córregos e rios.

No caso dos resíduos perigosos, provenientes da indústria, que contêm substâncias tóxicas, o rigor da legislação para tratamento e destinação é maior ainda. Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é exigido que os geradores tenham planos de gerenciamento desses resíduos, e as pessoas jurídicas que lidam com esses materiais são obrigadas a se inscrever no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos.

O Brasil instituiu, em 1993, o decreto 875, referente à Convenção sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito, definido internacionalmente, em Basileia, em 1989.

Resíduos e as organizações - Veja algumas organizações que atuam no setor de resíduos sólidos
Abividro – Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (http://www.abividro.org.br/)
ABLP – Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (http://www.ablp.org.br/)
Abrecon – Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (http://www.abrecon.com.br/)
Abrelpe  – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (http://www.abrelpe.org.br/)
Abipet – Associação Brasileira da Indústria do PET (http://www.abipet.org.br/index.html)
Abirp – Associação Brasileira das Indústrias Recicladoras de Papel (http://www.abirp.org.br/)
Cempre – Compromisso Empresarial para a Reciclagem (http://www.cempre.org.br/)
Instituto Sérgio Motta e Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, E-Lixo Maps, (http://www.e-lixo.org/)
MNCR – Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (http://www.mncr.org.br/)
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=73)

Financiamentos para tratar dos resíduos - O setor já conta com linhas de financiamentos públicos, especialmente para coleta e reciclagem

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos prevê a criação de uma série de linhas de financiamento para a eliminação de todos os lixões e aterros controlados no país até 2014, e para o desenvolvimento dos setores de reciclagem, biodigestão (produção de biogás) e educação ambiental, entre outros. 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já mantém linha de crédito para o apoio a investimentos para tratamento de efluentes e resíduos industriais e resíduos sólidos. Nesta modalidade, são inclusos projetos de coleta, tratamento e disposição final de resíduos sólidos industriais, comerciais, domiciliares e hospitalares.

Os projetos devem envolver investimentos relacionados ao encerramento de “lixões” existentes na região. Podem pleitear esse financiamento, sociedades com sede e administração no país, de controle nacional ou estrangeiro, empresários individuais e associações e fundações.

É preciso pensar novo - Novas tecnologias e criatividade são fundamentais para o aproveitamento de materiais descartados

A inovação no setor de resíduos sólidos se ampliou rapidamente nos últimos anos, em função dos avanços tecnológicos. Ao mesmo tempo, soluções simples também apontam para a importância da criatividade no reaproveitamento dos materiais.

O poder público, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), poderá instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, as iniciativas de desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis aos resíduos sólidos.

Entre as inúmeras iniciativas já em andamento no Brasil, estão a produção de sacolas plásticas biodegradáveis, a substituição das antigas nos estabelecimentos comerciais, por outras opções, como caixas e sacolas retornáveis. Pneus inservíveis e entulhos da construção vêm sendo utilizados, em alguns municípios, como matéria-prima para asfalto.

De uma maneira geral, as medidas incentivam a política do não desperdício e ao mesmo tempo estão associadas a outras, como o combate às emissões de gases de efeito estufa.



PROPOSTAS

A Política e o Plano Nacionais - Planejada para um horizonte de 20 anos, a política brasileira de resíduos sólidos será revista a cada quatro anos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi instituída no Brasil pela Lei Federal 12.305, de agosto de 2010, e aborda desde os princípios que norteiam a questão até as diretrizes da gestão integrada e do gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos. Trata também das responsabilidades dos geradores e do poder público, e dos instrumentos econômicos aplicáveis, em caso de infrações. A questão dos rejeitos radioativos não faz parte da PNRS.

A PNRS foi regulamentada pelo Decreto 7.404, de 2010, que instituiu o Comitê Interministerial (CI), formado por um total de 12 ministérios sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente, que é responsável pela elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, cuja versão preliminar já passou por audiências e consulta pública.

O Plano trabalha com um horizonte de 20 anos e deve ser revisto a cada quatro anos. O seu objetivo é traçar um diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos, fixar metas de redução, reutilização, reciclagem, aproveitamento energético e definir os meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos tem vínculo com o de Saneamento Básico.

Todos nós somos responsáveis - A Política Nacional estabelece a responsabilidade compartilhada ao longo da vida dos produtos

Para viabilizar essa “responsabilidade compartilhada” em torno da destinação dos resíduos, a PNRS prevê o estabelecimento de acordos setoriais, com a participação de todos os segmentos da economia, numa cadeia que envolve desde poder público, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, até catadores de materiais reutilizáveis e consumidores.

Nestes acordos setoriais, as responsabilidades são divididas, tendo como foco não apenas a redução do volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, e consequentemente, seus impactos nocivos à saúde e ao meio ambiente, como também a aplicação integral do conceito dos 7 Rs em toda a cadeia produtiva. 

Os responsáveis pela gestão




Tipo de resíduo
Competência
Agrícola
Gerador
Comercial
Prefeitura (pequenas quantidades especificadas em legislação)
Domiciliar
Prefeitura
Entulho
Gerador
Industrial
Gerador


Público
Prefeitura
Hospitalar
Gerador
Séptico (dos portos, aeroportos e terminais rodoviários)
Gerador
 Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo


Falta coleta seletiva - Uma atividade incipiente no Brasil, que deve ser implantada em todos os municípios até 2014

A coleta seletiva está presente em 18% dos municípios brasileiros, o que corresponde a 994 municípios até 2008, segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos 2011. A maior concentração está nas regiões Sul e Sudeste. E apenas 38% desses municípios mantinham o serviço em toda a cidade. O maior número de ações acontece no Sul e Sudeste, representando mais de 40% do total.

De acordo com a PNRS, a coleta seletiva deverá estar totalmente implementada no Brasil até agosto de 2014. Por meio dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, as prefeituras deverão estabelecer a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda.

Com a implementação da coleta seletiva, os consumidores serão obrigados a descartar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para serem entregues aos serviços de coleta ou para a devolução ao fabricante do produto.

Estimativa da participação dos programas de coleta seletiva formal em 2008



Resíduos
Quantidade reciclada (mil ton / ano)
Quantidade recuperada por coleta seletiva (mil ton/ano)
Participação da coleta seletiva formal na reciclagem total (%)
Metais
9.817,8
  72,3
0,7
Papel e papelão
3.827,9
285,7
7,5
Plástico
962,0 (dados 2007)
170,3
17,7
Vidro
489,0
  50,9
10,4
Fonte: PNRS



O negócio da reciclagem - Brasil perde cerca de R$ 8 bilhões por ano por não ter uma política de reciclagem de resíduos

Entende-se por reciclagem o processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com o objetivo de transformá-los em insumos ou novos produtos.

O incentivo à ampliação da reciclagem no país, por parte do consumidor e do setor empresarial, é uma das metas principais expostas no Plano Nacional de Resíduos Sólidos. A proposta está baseada no conceito de responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos e da logística reversa. O objetivo é também estimular a inclusão social dos catadores na indústria da reciclagem e ampliá-la.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), estima-se que o Brasil perde aproximadamente R$ 8 bilhões por ano por deixar de reciclar resíduos, que acabam sendo misturados aos demais em aterros e lixões.

Ao mesmo tempo, há um aumento do volume de resíduos urbanos reciclados, de acordo com levantamento do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), de cinco milhões de toneladas em 2003, para 7,1 milhões de toneladas em 2008, com uma movimentação neste setor de R$ 12 bilhões anuais.

Tudo o que vai deve voltar

A logística reversa estabelece os canais de retorno dos resíduos ao seu fabricante. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social composto por um conjunto de ações e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou para outra destinação final ambientalmente adequada.

São obrigados a adotar essa medida os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio, e de luz mista, e os produtos eletroeletrônicos e seus componentes. 

Para regular a implantação da logística reversa, foi criado em 2011 o Comitê Orientador de Logística Reversa, que vai determinar as regras para o funcionamento do grupo técnico que apoia o processo com orientações avaliar impactos socioeconômicos e revisar a necessidade dos pactos setoriais.

A logística reversa pós-consumo deve ser implementada no Brasil, de forma progressiva, a partir de 2013 até o ano de 2020, inicialmente com o setor de embalagens. Para isso, ocorrem os chamados acordos setoriais do governo federal com cada segmento envolvido.

Os catadores de sucata e as empresas

A cadeia produtiva de gestão dos resíduos sólidos apresenta um elevado potencial de inclusão social
O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) estima que 90% de tudo que é reciclado no país seja proveniente do trabalho de cerca de 800 mil pessoas. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) reconhece a atividade desses trabalhadores ao determinar que sejam integrados às ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

Ao mesmo tempo, incentiva a criação e o desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Hoje, estima-se que sejam em torno de 1.100. Uma das metas principais é realizar a inclusão social deles e melhor sua situação econômica.

Para reforçar as ações nesse sentido, o governo federal instituiu, em dezembro de 2010, o Projeto Pró-Catador (Decreto 7.405), que tem como objetivo oferecer capacitação, formação e assessoria técnica aos catadores, assim como estímulo à participação do setor privado nas ações de inclusão social e econômica desses trabalhadores, entre outras diretrizes. Um comitê interministerial foi formado para coordenar as ações.

Sem educação não há futuro
As empresas têm um papel importante na educação ambiental de seus funcionários e fornecedores
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, em articulação com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795, de 1999), recomenda que os Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos priorizem programas e ações de educação ambiental, que promovam a não geração, a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos. Há um enfoque especial para o consumo sustentável.
As empresas têm um papel importante nesse processo, não só com programas internos dirigidos a seus funcionários, como também na educação de toda sua cadeia produtiva, além da comunidade do entorno. As ações podem ser promovidas pelos departamentos de Recursos Humanos, de Responsabilidade Social Corporativa ou de Sustentabilidade.

Um programa de educação ambiental pode começar com medidas simples de mudanças de hábitos diários, como a adoção de canecas em vez de copos plásticos descartáveis, a instalação de recipientes para coleta seletiva, promoção de campanhas sobre consumo consciente e programações audiovisuais, com a apresentação de filmes e documentários sobre o tema, para promover reflexões.

Algumas dicas de vídeos

Estamira
O documentário retrata a vida de Estamira, uma mulher que viveu e trabalhou durante 20 anos no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, na cidade do Rio de Janeiro. Mostra a sua luta e dos demais trabalhadores por uma vida digna e os seus conflitos do dia a dia, entre a lucidez e os sintomas de distúrbios mentais. Direção de Marcos Prado (2004).

Lixo Extraordinário
O filme retrata o trabalho do artista plástico Vik Muniz, também no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, realizado a partir das fotografias tiradas de um grupo de catadores de materiais recicláveis, transformadas em obras de arte, e passa a mensagem do resgate da dignidade. Direção de Lucy Walker (2010).

História das Coisas
Um vídeo interessante, que ilustra o caminho dos resíduos, é História das Coisas, versão brasileira de The Story off Stuff, de Annie Leonard, de 2008.

Referências

Plano Nacional de Resíduos Sólidos (versão preliminar/setembro-2011). Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.cnrh.gov.br/pnrsnac/documentos/audiencia/versao_Preliminar_PNRS_WM.pdf.

Plano Nacional de Saneamento (Plansab). Ministério das Cidades. Disponível em: http://www.cidades.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=302&Itemid=204.

Política Nacional de Resíduos Sólidos: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

Resíduos Sólidos. Prefeitura de São Paulo. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/servicos/residuos_solidos/index.php?p=4635

7Rs para serem aplicados em 2010. Portal EcoDesenvolvimento. Disponível em: http://www.ecodesenvolvimento.org.br/voceecod/7-rs-para-serem-aplicados-em-2010

Decreto nº 7405, de 23/12/2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7405.htm.

Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos. BNDES. Disponível em: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Produtos/FINEM/saneamento.html 
FONTE: http://sustentabilidade.sebrae.com.br