29 agosto 2016

PESQUISA REALIZADA EM USINA DE RECICLAGEM DE RCD DA CONSTRUÇÃO CIVIL DENOMINADA USINA DE RECICLAGEM D

Usina de Reciclagem: D

A pesquisa foi realizada na usina recém-inaugurada e em plena atividade. A investigação nessa usina contou com a colaboração do profissional envolvido na implantação, designado entrevistado D1, e com o responsável técnico, designado entrevistado D2. Ambos concederam entrevista e apresentaram a usina.

a) Dados gerais:

A usina de reciclagem, recém-inaugurada, está localizada próxima a um aterro sanitário, instalada em uma zona pouco urbanizada, com vias de acesso fácil e de boas condições de tráfego. A usina ocupa uma área de 150.000 metros quadrados, considerada de grande porte, e possui condições para recebimento, aterro e reciclagem dos resíduos das atividades construtivas.

Sua implantação caracteriza-se pelas instalações fixas. É identificada como a mais moderna planta do Brasil, com capacidade diária para receber cerca de 1.200 toneladas de resíduos sólidos classe A. Em suas instalações encontram-se alojamentos, sala para visitantes e diversos pátios para recebimento de resíduos e estocagem, que podem ser localizados no layout apresentado nas Figuras . A usina está equipada com caminhão-pipa que circula pelos acessos, irrigando-os periodicamente e impedindo que o material pulverulento se espalhe na atmosfera.

Agregaram-se a esse projeto outras atividades de caráter social, que vão além da reciclagem de resíduos das atividades construtivas. Há planos para instalação de fábrica para produção de blocos de solo-cimento, utilizando o lodo de estação de tratamento de água, uma tecnologia que já está sendo desenvolvida na universidade local. Essa integração só foi possível pela disponibilidade de uma grande área; por isso, a opção pela planta atual. Há interesse em gerar um núcleo de reciclagem contemplando atividades como área de recuperação de móveis, entre outras.

Existe uma grande demanda na cidade, onde está localizada esta usina: 440 caminhões descarregam na usina. É um estoque grande, dá para acumular grande quantidade de matéria-prima. [ENTREVISTADO D2].

Por estar localizada em uma zona pouca urbana, as questões referentes ao impacto ambiental estão praticamente solucionadas.

E quanto à questão de você se preocupar em atender o item da proteção acústica, da poeira, do controle da poeira, que medidas você está providenciando, o que já foi implantado para atender esse item de exigências? [Pesquisador].

Nós temos feito, na medida possível, a segurança do trabalho. A prefeitura ela vem faz a medição dentro, está até bem abaixo. Isso está sendo atendido, mas mesmo assim, tem uma das bicas que vai receber uma proteção, uma borracha que vai proteger o material de bater na lata e vai amortecer o barulho [...] Toda área recebe o dia todo, nós temos um caminhão-pipa, mas ainda é insuficiente. Nós estamos adquirindo o segundo, temos que abastecer o mercado todos os dias as vias de acessos, material tanto na hora de carregamento para alimentação quanto na expedição. Nós vamos instalar mais catorze pontos de aspersores, tipo uma chuvinha o tempo inteiro que é necessário para uma edificação da matéria-prima. [ENTREVISTADO D2]

[...] temos licença da Cetesb [...] para instalar numa área adequada, faz parte do Complexo Delta (aterro sanitário) aqui é uma área industrial própria [...] e nós temos nove exigências para estar atendendo, que é a contenção da poeira, contenção do ruído, tenho o projeto de drenagem que toda água que cai dentro da usina [...] [ENTREVISTADO D2]

Atualmente, a energia elétrica é fornecida por um grupo gerador a diesel, mas já existem planos e infraestrutura para instalação de energia elétrica de fonte externa.

As Figura apresentam o layout uma usina, com a disposição dos equipamentos em Máquinas: AS FIGURAS APRESENTADAS NÃO SÃO AS MESMAS DA USINA CITADA NA PESQUISA SÃO BASEADAS NELAS!!!

1. Entrada e saída de veículos.
2. Portaria.

Entrada e saída de veículos./ Portaria.
Entrada e saída de veículos./ Portaria.

3. Inspeção e identificação da matéria-prima.

3. Inspeção e identificação da matéria-prima.
3. Inspeção e identificação da matéria-prima.


4. Pátios de descarga dos RCD.
4. Pátios de descarga dos RCD.
4. Pátios de descarga dos RCD.

5. Acesso ao conjunto e à linha de produção dos reciclados.
5. Acesso ao conjunto e à linha de produção dos reciclados.
 Acesso ao conjunto e à linha de produção dos reciclados.

6. Alimentador vibratório.
Alimentador vibratório.
 Alimentador vibratório.

7. Correia transportadora do material originado do escalpe.
 Correia transportadora do material originado do escalpe
Correia transportadora do material originado do escalpe

8. Empilhamento do material originado do escalpe.

Empilhamento do material originado do escalpe.
Empilhamento do material originado do escalpe.

9. Britador de impacto.

 Britador de impacto.
 Britador de impacto.

10. Transportador de correia.
Transportador de correia.
Transportador de correia.


11. Separador magnético.
Separador magnético.
 Separador magnético.


12. Bica de transferência.
 Bica de transferência.
 Bica de transferência.


13. Correia transportadora móvel.
 Correia transportadora móvel.
 Correia transportadora móvel.


14. Pilha de “bica corrida”.
 Pilha de “bica corrida”.
Pilha de “bica corrida”.


15. Peneira: classificação dos agregados em faixas granulométricas.
Peneira: classificação dos agregados em faixas granulométricas.
Peneira: classificação dos agregados em faixas granulométricas.


16. Transportadores de correia fixos.
Transportadores de correia fixos.
Transportadores de correia fixos.


17. Pilhas de agregados reciclados.
 Pilhas de agregados reciclados.
 Pilhas de agregados reciclados.


18. Guia em concreto para locomoção do transportador de correia móvel.
 Guia em concreto para locomoção do transportador de correia móvel.
 Guia em concreto para locomoção do transportador de correia móvel.


19. Torre de controle: monitoramento do conjunto.

Torre de controle: monitoramento do conjunto.
Torre de controle: monitoramento do conjunto.

20. Gerador a diesel.

 Gerador a diesel.
Gerador a diesel.


21. Sala de eventos destinadas a visitantes.
Sala de eventos destinadas a visitantes
Sala de eventos destinadas a visitantes


22. Administração da usina.

Administração da usina.
Administração da usina.
23. Alojamentos: abriga a cooperativa.
Alojamentos: abriga a cooperativa.
Alojamentos: abriga a cooperativa.


24. Pátio de estocagem dos reciclados destinados às obras municipais.
 Pátio de estocagem dos reciclados destinados às obras municipais.
Pátio de estocagem dos reciclados destinados às obras municipais.


Os veículos passam pelo portão (1), observados pela portaria (2), e estacionam para identificação e inspeção (3); um funcionário da usina sobe no caminhão, conferindo o material transportado. Aprovado, segue para o pátio de descarga preestabelecido (4) e imediatamente uma pá carregadeira inicia a operação de basculamento e umidificação do material; os cooperados se encarregam da etapa de triagem e segregação, retirando os materiais não trituráveis. Caso o material transportado pelo caminhão seja reprovado na inspeção (3), o motorista recebe orientação para um descarte adequado, responsabilizando-se pela destinação correta, sob pena de infração.

Após a etapa de triagem e segregação, a matéria-prima está pronta; é transportada, então (5), pela pá carregadeira até o alimentador do britador (6), em que os operários inspecionam as dimensões e verificam a necessidade de umedecer mais uma vez o material. No alimentador (6), a matéria-prima passante pela grelha é lançada na correia lateral (7) e empilhada (8), gerando um primeiro material de escalpe. O material não passante é depositado na câmara de britagem, sofrendo vários impactos, por martelos, produzindo fragmentos com dimensões variadas.

 Os fragmentos são lançados no transportador de correia (10) até a correia móvel (12); durante esse transporte (10), três operários retiram materiais indesejáveis, como pequenos pedaços de papéis, plásticos e madeiras que ainda permaneçam no processo; os metais são retidos pelo separador magnético (11) posicionado no último terço da correia.

 Na correia móvel (12) existem duas possibilidades: na primeira, os fragmentos podem ser conduzidos pela correia (13), produzindo a bica corrida (14). Na segunda, os fragmentos são lançados na correia (13) e transportados até a peneira vibratória (15), na qual serão classificados em cinco faixas granulométricas; em seguida, são encaminhados por meio dos transportadores de correia (16) e empilhados (17). Todos os agregados produzidos são conduzidos para os pátios de estocagem (24), aguardando, por pouco tempo, sua distribuição às diversas obras municipais.

 O transportador de correia (13) possui mobilidade e está apoiado em pequenas rodas, permitindo uma trajetória circular sobre guia de concreto.

 A operação do processo de reciclagem dos RCD é monitorada pela torre de controle (19), locada de tal forma que permite a visão total do conjunto, além de abrigar os comandos elétricos que colocam em ação as máquinas. Essas máquinas recebem energia do gerador a diesel (20).

 A administração da usina (22) está implantada em posição estratégica, interagindo com o fluxo nos acessos e na linha de produção; ao lado, encontra-se uma sala de eventos (21) para visitantes; no outro extremo, passando pelos pátios, ficam os alojamentos (23) que abrigam a cooperativa.

b) Ações municipais:

A recicladora pertence à administração pública municipal, que implementou duas importantes ações sociais: ofereceu uma solução legal à cooperativa, que operava em um aterro irregular, fechado judicialmente, mantendo a renda dos cooperados; e atuou na preservação do meio ambiente do município, ao reciclar resíduos das atividades construtivas, dos quais alguns levariam séculos para serem decompostos pela natureza.

c) Matéria-prima:

A procedência desse material é das mais diversas regiões, pois é, atualmente, a única área legal que recebe resíduo classe A na cidade. Durante a visita, foi observada a predominância de material vermelho (cerâmicos) na composição da matéria-prima.

[...] 90% do material é cerâmico aqui é característica da cidade, por isso que não pode chegar, pegar esse projeto aqui e levar para Curitiba que não vai dar certo. Lá é outro material. [ENTREVISTADO D1]

Os caminhões provêm dos mais diversos pontos − geralmente, dos transbordos existentes. Os resíduos, em sua maioria, são provenientes de obras municipais, como demolição de calçadas, sarjetas e praças, mas há os que procedem de demolições de obras residenciais.
Os transportadores de resíduos das atividades construtivas são cadastrados e descarregam o material diretamente na usina: pedaços de estrutura de concreto, material cerâmico, revestimentos, materiais provenientes de escavação de rocha e solo, material da demolição ou fresagem de pavimentos asfálticos, material proveniente da limpeza de cobertura vegetal, terraplanagem, madeira, plástico borracha, papel, papelão e estruturas metálicas.

[...] nós temos um cadastro, nós cadastramos os caçambeiros, a terraplenagem, as empresas de demolições [...] temos cadastro dos possíveis caminhões que vão chegar aqui na usina [...] eles chegam tem um cadastro [...] placa tudo do transportador e a gente cadastra o gerador [...] o gerador às vezes é uma empresa que está fazendo a demolição [...] quando chega uma indústria, quando vem pouco, pouco gesso que vem numa caçamba de demolição de uma reforma nós aceitamos, mas, quando não é, a gente segura a caçamba e dá o flagra e explica onde que é certinho e notifica, ele é obrigado a trazer o recibo da onde ele deu o destino [...] geralmente um aterro privado industrial [...] [ENTREVISTAD D2]

d) Processo de reciclagem e equipamentos:

 O processo de reciclagem é constituído pelas cinco etapas operacionais: descarga, triagem e segregação, alimentação do sistema, transporte e peneiramento.

 (1) Operação de descarga

 Na portaria, os caminhões poliguindastes são identificados e informam que material está sendo transportado; ao serem autorizados a entrar, passam por uma inspeção visual que classifica o material em concreto, cerâmica ou misto. São orientados a descarregar em pátios preestabelecidos, conforme a composição do material transportado.

[...] o material chega na usina, ele é inspecionado [...] se ele é concreto puro ele tem um pátio [...] se ele é cerâmica pura ele tem outro pátio [...] se ele é misto tem outro pátio [...] tudo que entra tem os seus pátios de segregação [...] é difícil, mas vem material limpo, quando é uma demolição é só aquilo [...][ENTREVISTADO D2]

(2) Operação de Triagem e segregação

No pátio de descarga, o material é basculhado; a escavadeira espalha o material, iniciando a etapa de triagem e segregação; a cooperativa retira grande parte dos materiais rejeitados, como plástico, madeira, papel, papelão e metal, entre outros.

[...] Agora você está envolvida num processo de segregação como ela chama, você tem uma escavadeira, escavadeira que abre o material, uma carregadeira que carrega o caminhão e vai para dentro da britagem [...] o material nobre do reciclado é retirado pela cooperativa garrafa peti, plástico...[ENTREVISTADO D1]
[...] é uns dos meus grandes problemas, que a cooperativa ela faz o que ela pode, e, ela tira o que agrega mais valor, mais valor [...] ela vai pegar o que é mais fácil e mais rápido [...] [deixando o de pouco valor] pequenos pedacinhos de papel, pequenos, pequenininhos, ela pega o que é maior e tem ficado [...] e na hora que vai para o alimentador tem três pessoas que ficam tirando essa pequena proporção, mas, não é bom ir  [...] nem para bica, nem para peneira [...] então tem caçamba de entulho onde os catadores depositam esses rejeitos] [...] rejeitos [ENTREVISTADO D2]

Em seguida, a matéria-prima umidificada é transportada por pá carregadeira até o alimentador vibratório.

(3) Operação de alimentação do sistema
 A matéria-prima é lançada na calha do alimentador vibratório, regulado de acordo com a capacidade do britador. Existem limitações nas dimensões da matéria-prima depositada; material com grandes dimensões é retirado do sistema ou quebrado em tamanhos menores. O sucesso da produção está em manter um fluxo constante de matéria-prima; para isso, é necessário um operador habilidoso, que evite situações que possam interromper esse fluxo com materiais indesejáveis: madeira, grandes barras de ferro, grandes fragmentos de concreto, entre outros, que venham danificar o britador.

[...] um alimentador vibratório cuja a função é transformar o descontinuo em continuo para que o britador tenha uma alimentação continua. Ele tem uma grelha de separação dos finos da alimentação, que separa o material abaixo de 2 polegadas que sai do sistema e é estocado numa correia lateralmente. A seguir o material que não passa nessa grelha cai no britador, esse britador tem a capacidade de 80, 100, 120 toneladas horas que trabalha com uma regulagem controlada para gerar um produto não muito grande que possa ser aproveitado e não ter necessidade de uma rebritagem. Para isso ele é uma máquina de boca limitada tem uma grande boca, nessa condição o material de grande dimensão precisa ser retirado do sistema, ou então marroado, ou então quebrado, para poder entrar dentro do britador. Nesse alimentador, a alma da produção é esse alimentador, o operador tem que ter habilidade de manter o fluxo constante sem entupir o britador, sem deixar cair material estranho, tirando o material indesejável, tudo acontece aí nessa boca do britador. O britador recebe concreto com ferragem, sem problema, madeira agente procura tirar os blocos muito pesado e muito grande que possa entupir, ficar preso na boca do britador , ou então, pedaço de ferro grande muito pesado, que pode afetar o material de impacto da máquina, esse britador é um britador tipo impacto, ele arremessa o material contra uma parede fixa, esses martelos são feitos de aço de muita dureza, então como ele não é muito duro ele é maleável, então um material de ferro, por exemplo, uma barra de ferro muito grande pode trincar esse material e isso pode trazer dano a máquina, quebra um martelo, quebra outro pode trazer grandes problemas. [ENTREVISTADO D1].

A matéria-prima depositada no alimentador vibratório com dimensões menores que 2 polegadas é retida pela grelha e segue por uma esteira lateral, e a matéria-prima com dimensões maiores é lançada à câmara de britagem, sofrendo sucessivos impactos por martelos, como descrito anteriormente.

(4) Operação de transporte

 Na saída do britador, o material fragmentado é lançado no primeiro trecho do transportador de correia. A esteira em baixa velocidade permite que três operários removam os materiais indesejáveis, remanescentes da etapa de britagem, o ímã complementa a remoção dos metais.

[...] esse material britado cai uma esteira transportadora, numa correia, de baixa velocidade onde os catadores fazem a cata manual retira material indesejado plástico, pano, pedaço de madeira, pedaço de ferro. Complementando tem um imã separador magnético automático que retira o material ferroso.  [ENTREVISTADO D1].

No final desse primeiro trecho tem-se a correia móvel, que pode ser programada para duas operações distintas: produção de “bica-corrida” e produção de agregado em cinco faixas granulométricas. Para geração de “bica-corrida”, o material é conduzido direto ao empilhamento. Na produção de agregados em várias faixas granulométricas, a correia móvel conduz o material até a peneira vibratória.

No extremo dessa correia tem uma correia giratória, correia radial, que leva o material para pilha, uma pilha, portanto tipo feijão, ou então leva para a peneira vibratória. E da peneira classificada, então, os diversos materiais agregados [ENTREVISTADO D1].

(5) Operação de peneiramento

 O agregado reciclado com dimensões variadas é depositado na caixa de entrada da peneira. Nas superfícies de peneiramento, o material é classificado dentro de cinco faixas, por meio das vibrações produzidas pelo equipamento.  Na saída das telas da peneira vibratória encontram-se as esteiras, que recebem os reciclados e os transportam, realizando o empilhamento.

[...] pedrisco, pó ou areia como chamam aqui, pedra 1, pedra 2 e pedra 3 são estocados formando pilhas em volumes razoáveis [...] [ENTREVISTADO D1]

Na produção dos agregados em “bica corrida”, mencionada na operação anterior, o reciclado não é peneirado; ao sair do britador, é conduzido até a correia móvel para a operação de empilhamento.
Segundo os entrevistados, essa usina possui o segundo maior britador do país e a capacidade máxima de britagem chega a 120 toneladas por hora. O equipamento possui regulagem controlada para gerar um produto acabado sem necessidade de rebritagem. Para isso, a câmara de britagem tem dimensões limitadas, e os resíduos de grande dimensão precisam ser quebrados antes de ir para o britador.
O conjunto de equipamentos é constituído por alimentador vibratório (1), britador de impacto (2), transportadores de correia (3), separador eletromagnético (3) e peneira vibratória (4).

(6) Alimentador mecânico vibratório

O alimentador mecânico vibratório está apoiado estruturalmente em concreto nivelado no patamar superior do terreno. Na Figura, − responsável pela separação dos finos. Ao ser depositada a matéria-prima no alimentador, a grelha separa o material, retirando a fração fina e lançando-a em uma correia lateral.

Alimentador mecânico vibratório
Alimentador mecânico vibratório


Sua função é alimentar o britador continuamente e, para isso, deve ser regulado, recebendo matéria-prima de acordo com a capacidade do britador; é controlado em função do que se quer produzir no equipamento.

[...] o alimentador é regulável, você regula a capacidade dele de acordo a capacidade do britador. O que varia na capacidade do britador é a abertura e o tamanho do produto que você quer, você quer um produto mais fino a capacidade é menor. Você tem que controlar o alimentador para que não alimente mais do que aquilo que o britador vai produzir, não é fácil esta regulagem na verdade aqui é uma rotação fixa[...] 80 a 100 toneladas horas é o que a planta produz. Se amanhã aparecer uma necessidade de um produto grosso, podemos fazer um rachão, a prefeitura vai usar rachão em uma obra de saneamento qualquer, podemos britar material até quatro, cinco polegadas, nós vamos abrir o britador, aí o britador e o alimentador vai ser regulado para produzir, sei lá, 200 toneladas horas o que significa isso, nós vamos ter que mexer nos contrapesos dos vibradores [ENTREVISTADO D1]

(7) Britador de impacto

 Trata-se de um britador de impacto com capacidade de produção máxima de 120 toneladas por hora e que trabalha com regulagens controladas, produzindo agregados reciclados numa única britagem. Possui regulagens por meio de placas: a primeira opera fixa, a segunda placa está ajustada para uma passagem de até três polegadas e a terceira placa para uma dimensão menor, na saída do britador. Generalizando, o material, ao passar pela câmara de britagem, sofre vários impactos.

O britador, você tem três regulagens, são três placas na verdade, uma é fixa; na verdade você não mexe, é uma abertura, a primeira placa onde o material é arremessado você mantém uma boa distância em relação ao rotor vamos por aí cinco polegadas, a segunda placa é uma placa regulável você põe três polegadas, o material acima de três não passa aqui ele é esmagado, e lá na saída você põe uma regulagem mais apertada no mínimo esse material leva três pancadas...você dá a redução em cima disso. [ENTREVISTADO D1]

O britador é constituído por um rotor de 800 mm de diâmetro e 1 m de comprimento.

[...] não tem uma especificação [...] normalmente eu uso do diâmetro do rotor que deve ser 800 mm e a largura da máquina que deve ser um metro, seria 1 metro de largura por oitocentos de diâmetro.
Impacto é a máquina certa, mandíbulas você só usa para pequenas produções, você pode trabalhar com ele fechado [...] 15 toneladas por hora você pode usar a mandíbula, também se usou, até recentemente se usava nos Estados Unidos a tendência era essa, a mandíbula grande massa de pedreira, se usava, cones, cones como rebritagem, aliás essas máquinas tem as características de trabalharem a compressão e a compressão não arrebentam os grãos de baixa dureza você simplesmente amassa eles. Enquanto no britador de impacto você arrebenta com ele, você joga ele contra uma parede, os grãos frágeis se rompem viram pó, não amassam então você garante um produto de maior dureza, por isso que se usa britador de impacto, essa é a máquina adequada para entulho.
Agora se você vai britar um entulho que só tem concreto, como é o caso [de uma outra obra], não tinha nada de terra, nada de grãos, então a mandíbula vai bem pode usar até cone, lá se usou mandíbula, igual ao da usina C. [ENTREVISTADO D1]

(8) Transportadores de correia

 Compostos por motor elétrico e conjunto de tambores e correia, podem ser fixos ou móveis. Em uns dos apoios, possuem rodas locomovendo-os em guia de concreto − 

(9) Separador magnético automático
 Trata-se de um ímã posicionado no final do primeiro transportador de correia, responsável pela retirada de metais que permanecem entre o material britado; ]

(10) Peneira vibratória

 Apoiada em estrutura metálica, é constituída por caixa metálica em que o agregado é lançado nas superfícies de peneiramento. São produzidas vibrações que resultam em movimentos que deslocam o agregado ao longo do corpo da peneira, pelas várias telas, classificando-o nas respectivas faixas granulométricas.

Os equipamentos e as operações da usina são monitorados por funcionário qualificado situado na torre de controle, que permite uma visão global de todo o conjunto.

[...] tudo isso é comandado por um quadro de comando que está colocado em uma parte alta, onde o operador consegue ter visão total da planta. A energia elétrica é fornecida por um gerador diesel, mas já existem planos, já existe toda uma infraestrutura para instalação de rede elétrica externa. [ENTREVISTADO D1]

A torre de controle possui dois pavimentos; na parte inferior, encontram-se os painéis de comando; no piso superior, um espaço reservado para o pessoal que cuida da segurança da usina.

[...] A parte de baixo é o painel de controle da usina onde ficam botões certinhos e a parte cima a vigilância, é a parte mais alta onde fica a segurança à noite, seguro e fazendo a segurança. [ENTREVISTADA D2]

e) Produto:

A usina produz “bica corrida” e agregados reciclados classificados em cinco faixas granulométricas : areia, pedrisco, pedra 1, pedra 2 e pedra 3. Na etapa de processamento desses materiais, na alimentação do britador, são gerados finos que passam pela grelha do equipamento, sendo depositados em uma esteira lateral, fora do sistema, Pela predominância de finos é recomendável sua aplicação em cobertura de aterro.

[...] Esse é o grelhado que foi batizado por mim e pelo coordenador de operações, sei que ele passa pela grelha, ele é fino, então ele ficou nome de grelhado, ele é batizado como grelhado, como bica corrida, areia pedra e pedrisco, assim ele se chama grelhado, como quem vem solicita o grelhado. [ENTREVISTADO D2]

A produção do agregado reciclado é estabelecida antes de seu processamento, em função de sua demanda, ou seja, o usuário solicita o agregado reciclado desejado.

[...] eu faço uma programação, eu tenho os pedidos, “ah! Eu quero x metros de pedriscos” [...] conforme chega os pedidos é o que eu vou trabalhar [...] tenho um pedido de 500 m3 de brita graduada então, segunda-feira tenho que processar concreto novo [...] esse vai para uma obra específica de pavimentação [...][ENTREVISTADO D2]

Além da “bica corrida”, gerada sem peneiramento, a usina produz “bica corrida graduada”, composta de porcentagens pré-estabelecidas pelos técnicos da prefeitura; trata-se de uma mistura graduada de areia, pedrisco, pedra 1 e pedra 2, não entrando na composição a pedra 3.

[...] bica corrida na hora que ela passa no britador ela vai toda a granulometria, tudo junto. A bica graduada, eu pego porcentagem da pedra 2, porcentagem da pedra 1 e porcentagem do pedrisco, percentagem da areia, eu não ponho a pedra 3 [...] eu faço uma mistura [...] nós fizemos ensaio no laboratório [...] foram eles que passaram a porcentagem. [ENTREVISTADO D2]

Durante a visita, foi observado que a matéria-prima era composta por tijolos e cerâmicas; consequentemente, estava sendo produzido agregado com predominância de material vermelho, recomendável para utilização em vias de acesso.

[...] não estou britando mais concreto [...] está saindo areia, pedra 2, pedra 1, pedra 3 e o pedrisco [...] saindo [para usuário] cobertura de ruas [...] pedra 3 está sendo feita toda a estrada do aterro sanitário com ela [...] [ENTREVISTADO D2]

Dessa forma, após o processamento e peneiramento da matéria-prima, são gerados agregados de acordo com a matéria-prima que alimenta o britador. Produzem-se agregados de britagem de concreto e rocha, da britagem de materiais cerâmicos e da britagem de demolições ou fresagem de pavimentos asfálticos.
A aplicação e o uso dos materiais reciclados, atualmente, é exclusividade da prefeitura e subprefeituras, que os utilizam na execução de obras (praças, saneamento etc.), em pavimentação como base e sub-base e cobertura de lixo no aterro sanitário, localizado ao lado da usina.

[...] todo dia chega um material diferente [...] o tijolo quando vem inteiro eu estou separando porque há muito pedido de tijolo, madeira, [...] aqui é prefeitura então [...] tudo que sai daqui então [...] é da prefeitura[...] eles perguntam o que eu tenho de estoque [...] eu preciso deste material, eu pré agendo por telefone e chega o caminhão aqui com o memorando falando o material que precisa a quantia e a onde vai  aplicar [...] vai só para obras públicas praças, parques, manutenção, pequenos remendos a prefeitura faz a substituição de agregado natural [...] [ENTREVISTADO D2]

f) Atores sociais:

A usina, como já mencionado, abriga uma cooperativa constituída há alguns anos. Ela foi transferida pelo departamento social da prefeitura, garantindo, sem prejuízos para seus cooperados, o pleno funcionamento de sua atividade econômica. Funcionava em um aterro de inertes, que recebia resíduos sólidos de atividades construtivas. Houve intervenção do Ministério Público, que ordenou o encerramento do aterro. Então, criaram-se parcerias com a Secretaria de Desenvolvimento Social e a incubadora da universidade, que dão a assistência necessária e o apoio social.

[...] uma parceria que a prefeitura fez com a Secretaria de Desenvolvimento Social e tem uma incubadora da universidade que faz esse trabalho com eles, tudo que eles retiram é tudo deles não tem nada da prefeitura, nada mesmo, tudo deles, a madeira deles, os clientes deles, são clientes antigos, só transferiram de lugar, hoje eles tem alojamentos, tem ônibus que trazem eles, tem tudo, tem toda infra-estrutura..5 caminhões de 15 metros cúbicos por dia estimo 25% de madeira [...] olaria, pizzaria, tudo que tem forno [...][ENTREVISTADO D2]

A etapa da pré-seleção (segregação e triagem) é realizada pelo pessoal da cooperativa, que retira da matéria-prima o que deve ser descartado e o que agrega maior valor, como madeira, plástico, papelão e metais, entre outros. Possui seus próprios clientes para comercialização de seus produtos, chegam a abastecer 5 caminhões por dia − o equivalente a 15 metros cúbicos de madeira, com valor estimado em 25% do total de material retirado durante a etapa de triagem. Esse material é destinado a olarias, entre outros.

É assim, cada quatro pessoas retiram o plástico, quatro pessoas retiram o papelão, quatro pessoas ficam atrás de material nobre, dez pessoas ficam atrás da madeira, então eles ficam fazendo rodízio, rodízio, cada um tem seu material para ir coletando, isso aqui é o rejeito a galharia, a poda, tem material que não serva para ser britado e nem para consumo rejeito. [ENTREVISTADO D1]

Na usina, a cooperativa conta com infraestrutura, alojamentos, refeitórios, banheiros e vestiários. Constituída por 30 pessoas organizadas, conta com presidente, pessoal administrativo e financeiro; os cooperados têm um rendimento mensal em torno de quatro salários mínimos, conforme relato do entrevistado D1.

[...] toda cooperativa tem um presidente, um financeiro e um administrativo recolhimento de guia. Ele sempre me passou que chega a mil, mil e pouco, quatro salários mínimos eles tiram mais ou menos por mês cada um [...] [ENTREVISTADO D2]

A mão-de-obra na usina está dividida entre o pessoal administrativo e o pessoal de operação. Na administração da usina há coordenadora, estagiários, chefe de transporte, chefe de operações, pessoal de limpeza, recursos humanos e apontador. Na operação, são necessários nove operários, distribuídos de forma alternada, nas seguintes tarefas: o operário na escavadeira, que espalha a matéria-prima; o operário que transporta o material até o alimentador; o controlador do painel, que observa toda a operação, interrompendo-a quando necessário (rompimento de uma correia, algum material indesejável no alimentador etc.); ajudantes no alimentador; catadores na esteira; e os que fazem a manutenção constante da usina.

[...] O processo de segregação uma pré-seleção, seria necessárias 50 pessoas que tirar uma [...][ENTREVISTADA D2]

[...] Agora você está envolvida num processo de segregação [...] e vai para dentro da britagem aí são mais,no mínimo, três pessoas, para a reciclagem por turno, tem que considerar também o pessoal de portaria,[ENTREVISTADA D1]

[...] tem o inspetor de carga, tem um apontador, tem que ter um segurança que abre a cancela, são mais três pessoas, daí tem a parte do alimentador, tem o que faz o controle de painel, tem que ser uma pessoa muito ágil [ENTREVISTADA D2].

[...] É uma pessoa que fica observando a peneira, observando a correia, se ela rompe, ela fica observando tudo, uma pessoa que quando entra um elemento indesejável no alimentador ela para, tem que parar, mas não é ele que desce lá, então ele tem mais duas pessoas que auxiliam, ajudante de alimentador. Tem mais essas pessoas, tem mais um caminhão que vai alimentar nesta parte, mais três pessoas em cima do alimentador, são três na esteira, três catadores e mais dois que ficam fazendo a manutenção constante da usina. Então, lá embaixo são cinco [ENTREVISTADA D2]

[...] então nós estamos com dois, cinco, seis, sete e três na portaria e na operação da usina 9 pessoas. Nove pessoas para operar na recicladora de entulho. [ENTREVISTADA D1]

[...] Agora há sim, tem mais pessoas administrativo [ENTREVISTADA D1]

[...] a coordenadora, tem um chefe de transporte, tem um chefe de operações, eu tenho uma instrutora que é uma estagiária, ela é “os meus olhos”. Ela vai, vê tudo o que está acontecendo bem, mas precisaria de mais gente. [ENTREVISTADA D2]
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha