25 agosto 2016

PESQUISA REALIZADA EM USINA DE RECICLAGEM DE RCD DA CONSTRUÇÃO CIVIL DENOMINADA USINA DE RECICLAGEM A

UMA PESQUISA FEITA EM USINA DE  RECICLAGEM DE ENTULHO DESIGNADA POR A E SEUS: RESULTADOS 

A pesquisa teve início no segundo semestre de 2002, com a visita à primeira usina, aqui designada por A, retornando em fevereiro de 2005 para verificar sua situação atual.

No segundo semestre de 2004, dando continuidade ao trabalho experimental, foram realizadas pesquisas nas usinas B, C, D e E, todas localizadas no Estado de São Paulo.

Os dados coletados durante as visitas nas usinas de reciclagem serão apresentados e relatados a seguir. Eles estão delimitados pelos aspectos contidos no roteiro de entrevista e serão analisados e discutidos em outra postagem  − Análise dos Resultados.

Entrada de caminhões: acesso aos pátios
Entrada de caminhões: acesso aos pátios

 Usina de Reciclagem: A

A investigação nessa usina foi realizada por meio de visitas técnicas à prefeitura da cidade, à usina de reciclagem e à comunidade. Na prefeitura, foi entrevistado o responsável pela implantação da usina, aqui designado por entrevistado A1. Na instalação, foi entrevistado o coordenador da usina, entrevistado A2, que disponibilizou o acesso aos consumidores dos reciclados. Dessa forma, foi possível ter contato com os usuários dos produtos e observar sua aplicação.

Com os dados coletados nas entrevistas e com as observações in loco, foram elaborados os tópicos apresentados a seguir.

a) Dados gerais

Em 1997, iniciou-se o planejamento para implantação dessa usina, com o objetivo de solucionar a questão dos resíduos sólidos da construção civil da cidade, com o apoio financeiro da União. Profissionais com experiência em reciclagem de resíduos de construção e demolição foram contratados para desenvolver estudos, a fim de coletar dados para a elaboração dos projetos e implantação da usina.

[...] em 97 fizemos uma reunião com os caçambeiros da cidade tentando ver uma possibilidade de fazer uma parceria grande, [...] Paralelamente, nós apresentamos um projeto, também, de financiamento para ser incluído no orçamento da União, e fomos tentando ver se achavam recursos. Isso aí só foi acontecer no ano de 2000, quando realmente foi liberado [...] foi assinado um acordo, um contrato com o Governo Federal para liberar uma verba para implantar esse sistema.
Nós fomos a Belo Horizonte em 97/98, ver a usina funcionando as máquinas funcionando, [...] fez um trabalho de adaptação [...] a nossa necessidade. E está funcionando.
[...] foi em 2000, mas foi assinado no final do ano o contrato e nós começamos a implantar no ano de 2001, foi o ano inteirinho para implantar as máquinas, porque é um processo muito complicado e porque você tem que deliberar. Você tem que determinar que tipo de máquina, qual a capacidade, qual o roteiro, de que maneira que ela funciona, a planta, onde vai ser colocada cada máquina, tudo isso é muito, muito demorado.
E aí o ano de 2000 inteirinho foi para fazer esse planejamento [ENTREVISTADO A1].

Em 2001, a usina foi inaugurada, com capacidade de receber por dia 52 metros cúbicos de RCD da cidade, volume abaixo de sua capacidade máxima de operação.

Bom, nós temos uma estatística que mostra que é por volta de 90 toneladas por dia. Isso dá por volta de50/52 m3. [...] o problema é que nem todo entulho chega à central de triagem, então nós temos hoje da capacidade instalada, nós estamos operando com 70% [...] ou seja, temos ainda 30% com capacidade ociosa, que nós estamos tentando determinar onde é que está, para onde que está fugindo esse entulho e assim [...] ser reciclado [ENTREVISTADO A1].

A usina está localizada em um pequeno município próximo à região metropolitana de São Paulo, que possui um grande parque industrial, fora da cidade, servido por importantes rodovias. A cidade possui cerca de 1 500 empresas e está avaliada entre as primeiras a obter o maior Índice de Desenvolvimento Econômico Social conferido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

O parque industrial é muito grande, a base de arrecadação é o ICMS [...] [...] existem cerca de 1 500 empresas, micro, pequena, média e grande. Existe um parque industrial, um distrito industrial grande e bem localizado fora da cidade [...] logisticamente bem localizado, porque está entre duas rodovias, e servida por uma terceira [...] logisticamente muito bem localizada e fora da cidade, o que é importante [ENTREVISTADO A1].

A usina ocupa uma área de pequeno porte, onde está instalada também a central de triagem de coleta seletiva, realizada por uma cooperativa que acondicionam materiais como garrafas “pet”, papéis e plásticos em geral para reciclagem, representada no layout (Figura). O entrevistado A2 explica:

[...] Em conjunto com essa reciclagem propriamente dita do entulho de construção, a gente também, dentro do mesmo espaço, tem a coleta seletiva [ENTREVISTADO A2].

AS Figura de 1 a 16 apresenta a disposição dos equipamentos e máquinas da usina A (layout): AS FIGURAS APRESENTADAS NESTA POSTAGEM É FORAM TROCADAS AOS DA FONTE DA REPORTAGEM


1 - Entrada de caminhões: acesso aos pátios

Entrada de caminhões: acesso aos pátios
1 - Entrada de caminhões: acesso aos pátios

2 -Descarga dos resíduos e área de triagem e segregação


-Descarga dos resíduos e área de triagem e segregação
2 -Descarga dos resíduos e área de triagem e segregação

3 - Alimentador do britador


Alimentador do britador
3 - Alimentador do britador

4 - Britador de mandíbulas
 Britador de mandíbulas
4 - Britador de mandíbulas



-  Transportador de correia
5 -  Transportador de correia

6 - Separador Magnético

Separador magnético
6 - Separador magnético



7 Trasportador de correia para produção de Bica Corrida
 Transportador de correia para produção de “bica corrida
7 - Transportador de correia para produção de “bica corrida

8 - Empilhamento de BICA CORRIDA


Empilhamento de BICA CORRIDA
8 - Empilhamento de bica corrida


9 - Transportador de correia na posição para peneiramento



Transportador de correia na posição para peneiramento
9 - Transportador de correia na posição para peneiramento


10 - Peneira: classificação granulométrica

 Peneira: classificação granulométrica
10 - Peneira: classificação granulométrica
11 -Baias com seus respectivos agregados reciclados


Baias com seus respectivos agregados reciclados
11 -Baias com seus respectivos agregados reciclados


12 - Estocagem dos agregados reciclados


 Estocagem dos agregados reciclados
12Estocagem dos agregados reciclados


13 - Guia em concreto


13 - Guia em concreto

14 -  Entrada e saída de veículos

 Entrada e saída de veículos
14. Entrada e saída de veículos


15 - Administração

 Administração
15. Administração
16 - espaço reservado para armazenamento do material coletado
espaço reservado para armazenamento do material coletado
16 - espaço reservado para armazenamento do material coletado
                                                                                                                                                                  
A usina A funciona da seguinte maneira: os caminhões entram na usina (1), estacionam e são recepcionados pelo responsável que faz a inspeção visual do material transportado, autorizando ou não a descarga. Se recusado, o caminhão deverá procurar uma destinação correta para o material; se autorizado, a descarga é realizada (2). Nessa etapa entram em cena os operários da triagem e segregação, que retiram os materiais como madeira, plásticos e papéis, entre outros, e encaminham o restante para a coleta seletiva (16). Após essa etapa, resta a matéria-prima, que é umedecida e depositada no alimentador do britador (3) pela pá carregadeira. O alimentador lança a matéria-prima na câmara de britagem (4), sendo ela mastigada por mandíbulas, gerando fragmentos de agregados com dimensões adequadas. Na saída do britador, os fragmentos são depositados na correia (5) e, em seguida, passam pelo separador magnético (6). Ao chegarem à extremidade da correia, os fragmentos são conduzidos por transportador (posição 7 ou 9), para produção de “bica corrida” e empilhamento (8) ou para peneira (10), em que é realizada a operação de classificação granulométrica dos agregados. Esse transportador de correia é apoiado em pequenas roda, permitindo a locomoção em trajetória circular sobre a guia em concreto (13). Depois da classificação, os agregados são depositados nas respectivas baias (11) e estocados (12). Assim, são fornecidos aos consumidores cadastrados pela administração (15), que coordena a operação de reciclagem e comercializa os agregados reciclados produzidos. A entrega dos agregados reciclados aos consumidores é feita pelos caminhões da própria usina. Na Central de Triagem (16), tem-se o armazenamento e o acondicionamento do material coletado pela cooperativa e destinado à reciclagem.

b) Aspectos legais e efeitos da gestão municipal A usina é subsidiada pela prefeitura, que assume as despesas de transporte, consumo de energia e infraestrutura.

[...] nós hoje estamos subsidiando, porque hoje a energia elétrica, a Prefeitura paga, a coleta do material é a Prefeitura que faz e a entrega é a Prefeitura que faz. Porque a Cooperativa não tem esquema para isso[ENTREVISTADO A1].

Atualmente, existe um Plano Diretor Municipal que limita as edificações até quatro pavimentos, ou seja, a cidade está investindo na não-verticalização como qualidade de vida.
Assim, ela privilegia construções espaçadas com grandes terrenos, variando entre 250, 300, 500 e até 800 metros quadrados, que lembram chácaras e desconcentram a população. No município, porém, existem os loteamentos populares, que incentivam a autoconstrução. Para eles, a prefeitura apresenta um programa destinado ao planejamento da construção de suas casas, sendo oferecidos materiais de construção reciclados a preços convidativos.

[...] o preço desse material, aqui, é a metade do preço do mercado. Um exemplo é um caminhão de areia: se você encontra um caminhão de areia em casa de material de construção em torno de R$ 140,00, aqui a gente vende por R$ 70,00.
O pedrisco, a outra pedra, a gente vende até mais barato ainda, vende a R$ 60,00 um caminhão, e o preço aí fora é em torno de R$ 120,00. Fica sempre na metade do preço do mercado[ENTREVISTADO A2].

c) Matéria-prima

Até o segundo semestre de 2002, a usina recebia cinco caçambas diárias, sendo o material descarregado bem diversificado: concreto, cerâmicas, podas de árvores, madeira e metais. O entrevistado A1 define o termo “entulho” como a matéria-prima para a produção dos reciclados.

[...] a palavra “entulho” é muito ampla. As pessoas acham que entulho é tudo que não serve. Então, tanto pode ser uma parede quebrada como pode ser um pedaço de lata, uma marmita do pedreiro com resto de grama, ou uma tábua velha. Um pedaço de ferro, em suma, não é reciclado, a madeira não dá para picar ela no meio do entulho, então é um móvel velho, não dá para colocar no meio do entulho, então isso é bagulho.
Então nós estamos tentando classificar de entulho de construção e bagulho.[...] Com o bagulho a gente não consegue fazer nada com ele, por enquanto.
[...] O que a gente tem feito: a madeira a gente tem até separado, o ferro a gente até tem separado para colocar em caçamba de ferro velho. Agora, muita coisa não dá, que aí vem barro no meio, por exemplo, [...]
sobra tinta, as pessoas jogam a tinta dentro da caçamba, isso tudo contamina o material. [ENTREVISTADO A1]

A matéria-prima é fornecida à usina pelos caçambeiros. Há, no mínimo, oito empresas de caçambas que geralmente são contratadas pelo gerador ou diretamente pela prefeitura. O entrevistado A1 define o pequeno gerador e conta um pouco sobre a origem da matéria-prima:

Pequeno gerador é aquele morador da periferia, provavelmente da periferia, que quebra um pedaço de muro, que quebra um pedaço da parte da cozinha e que faz um montinho na calçada. A Prefeitura passa e tira, ela substitui aqueles carroceiros que normalmente tem em outras cidades, [...] que é o pequeno coletor, vamos dizer assim, coletor de pequenas quantidades. [ENTREVISTADO A1]

A matéria-prima, ao chegar à usina, passa por uma inspeção visual, sendo realizada uma triagem manual. Observou-se que as caçambas com predominância em podas e terra eram rejeitadas, e os caçambeiros não eram autorizados a descarregar.

[...] o entulho do caçambeiro já vem mais próximo daquilo que a gente utiliza. Então, com os caçambeiros nós fizemos um acordo, e até por falta de espaço para que eles depositem [...] também ela, eles trazem o entulho [...] e depois, se o entulho for um entulho bom, ele já fica ali, se for um entulho que é um entulho contaminado que não vai dar para usar a gente já dispensa na hora. Eles já estão pegando a prática de qual que é o bom, qual que é o ruim.
Mesmo dentro do entulho bom, às vezes, vêm umas impurezas, vêm coisas que não são recicláveis.
Essas coisas são separadas, são os descartes, que são feitos ali na hora, na primeira triagem na central, é colocado numa caçamba e os próprios caçambeiros levam de volta. Então eles levam de volta o descarte [ENTREVISTADO A1].

Observou-se que a matéria-prima recebida é dividida em duas composições: concreto e material cerâmico, observa-se a predominância do concreto na composição dos RCD.

O entulho de construção a gente divide em duas categorias aqui. A gente tem o resíduo que chega para gente aqui, proveniente das demolições e das reformas, eles chegam em duas composições: uma composição é tudo o que é de concreto, uma demolição que a base é de concreto, seja uma parede de bloco ou uma [...] um contrapiso, uma calçada que foi arrancada [...] Então é isso, na parte do concreto, o trabalho é assim. É depois, a outra [...] outra fração de uma demolição é a parte de tijolo, telha, material cerâmico [...] [ENTREVISTADO A2].

O porte da usina não permite grandes estoques de matéria-prima, o que pode ser constatado no layout (Figura). Conforme a afirmação do entrevistado A2: “[...] nossa realidade aqui, o espaço é pequeno”. À medida que vão chegando as caçambas, realiza-se a etapa de recebimento; em seguida, a matéria-prima é encaminhada para o processo de reciclagem.

d) Processo de reciclagem

Os resíduos, ao chegarem à usina, são descarregados no pátio de descarga e encaminhados para as operações de reciclagem, gerando produtos que podem ser utilizados na execução de obras públicas e também em edificações.

Observou-se que o processo de reciclagem possui as seguintes etapas: descarga, triagem e segregação, britagem e peneiramento mecânico.

• Descarga

O processo de reciclagem na usina tem início com a descarga de caminhões poliguindastes, lançando os resíduos em uma área determinada para esse recebimento.

[...] aqui é a parte da chegada do material, [...] pelos caçambeiros. São essas caçambas de demolição que trazem o material para a gente.

Triagem e segregação

Na etapa de triagem e segregação, são retirados os materiais que não interessam para a reciclagem, como madeira, plástico, papel e metal. Eles são removidos para contêineres localizados no pátio de descarga, onde são acondicionados e seguem para a comercialização.
Após essa etapa, obtém-se a matéria-prima, ou seja, o RCD classe A está pronto para ser fragmentado.

Então, a gente procura dar uma separada no material, o que é concreto a gente deposita de um lado, o que é tijolo, é telha do outro.
O material vem com bastante ferragem, vem um pouco de madeira e tudo isso daí tem que ser tirado, e é tirado manualmente mesmo, e vai ter uma pessoa que fica encarregado de retirar essa ferragem, pedaços de madeira. Aí escolhe-se o material, bom hoje vamos trabalhar só com o material de tijolo e telha.[ENTREVISTADO A2].

Britagem

O resíduo segregado torna-se matéria-prima do reciclado e será transportado pela pá-carregadeira até o alimentador vibratório. Ao ser depositada na calha, a matéria-prima, por vibração, é deslocada em direção à câmara de britagem, e os resíduos finos são retidos pela grelha existente no equipamento. Um operador posicionado próximo ao equipamento acompanha o processo, interrompendo-o quando necessário e umedecendo o material.
Na câmara de britagem, a matéria-prima é esmagada pelo britador de mandíbulas, que rompe o material por compressão. Desse modo, os fragmentos da matéria-prima geram o agregado reciclado, com granulometria variada. Na saída do britador, o agregado é lançado na correia transportadora, passando por um separador magnético que remove algum metal ferroso remanescente. Em seguida, o material é direcionado para o segundo transportador de correia e conduzido até o peneirador ou à pilha de bica corrida.

Aí tem uma pá carregadeira, que é um trator. Ele vem aqui no monte assim [...] como aquele monte, por exemplo, de tijolo e telha, ela carrega ali e vai até o triturador, que é aquela máquina lá [...] então lá é jogado naquele funil, o material desce e cai numa mandíbula, onde vai triturar o material [...] o material depois de triturado, se for esse o caso do tijolo e da telha, só é depositado naquele monte lá, e dali sai para cobertura de estrada de terra, manutenção das estradas de terra [ENTREVISTADO A2].

Peneiramento

O agregado com granulometria variada é depositado na caixa de entrada da peneira. Na peneira, o material é classificado dentro de quatro faixas granulométricas por meio das vibrações produzidas pelo equipamento. Então, o agregado reciclado é alocado nas respectivas baias localizadas abaixo do peneirador; dessa forma, são produzidos areia, brita 0, brita 1 e rachão (Figura).
Na produção dos agregados em “bica corrida”, o reciclado não passa pelo peneiramento.
Ao sair do britador, o reciclado é conduzido e lançado direto na pilha, sem divisão
granulométrica. A (Figura) mostra o empilhamento do agregado em “bica corrida”.
Quanto aos equipamentos utilizados para a reciclagem do RCD, podem ser relacionados: alimentador vibratório apoiado, britador de mandíbulas, transportador de correia móvel, separador magnético e peneirador. Esses equipamentos foram projetados para atender à realidade dessa usina e sua manutenção é mínima.

[...] a manutenção é simples, [...] nem, nem posso te falar de custo, porque é assim baixíssimo. [...] Dá para nossa realidade [...] Porque o fabricante desse equipamento, ele monta uma planta específica para sua realidade. Se você [...] chegar para ele e falar: Eu recebo 30 caçambas por dia – é diferente da nossa realidade que é de 5 caçambas por dia [...] aí ele vai montar um equipamento de maior porte. Mas nossa realidade, ele é suficiente [ENTREVISTADO A2].

Alimentador vibratório

Esse equipamento está apoiado em uma estrutura metálica e é constituído por mesa vibratória e grelha. Sob a mesa vibratória está posicionado um par de vibradores universais que giram em sentidos opostos descrevendo um movimento linear a 45 graus. A grelha faz uma pré-classificação, ou seja, uma separação prévia do material fino. Na vista frontal da (Figura), pode-se observar o equipamento abastecido com matéria-prima e a estrutura metálica de apoio.

• Britador

O britador utilizado nessa usina é do tipo “mandíbulas”: trata-se de um britador primário com um eixo excêntrico. Esse equipamento é ajustado para produzir agregados com diâmetros de 1,2 a 1,5 vezes a dimensão máxima característica do agregado natural. Nas (Figuras), podem ser observados o eixo excêntrico do britador e a correia trapezoidal de acionamento.

Transportador de correia

O transportador tem a função de conduzir a matéria-prima já britada. É um equipamento composto por motor elétrico, conjunto de tambores e correias (Figura). Seu funcionamento ocorre pelo acionamento do motor elétrico, que transmite a potência necessária para o tambor, movido por intermédio de correias, fazendo que as rotações produzidas movimentem a correia continuamente.

Na (Figura), observa-se o primeiro trecho da correia transportadora, que conduz o material que sai da boca do britador. Em seguida, o trecho é finalizado com a mudança de direção e inicia-se o segundo trecho da correia transportadora, conduzindo o material até a peneira vibratória. 

• Separador magnético

O separador magnético está instalado acima do primeiro trecho da correia (Figura). O ímã trabalha em regime contínuo, retirando os metais que permanecem nos fragmentos da matéria-prima depois de britada.

Peneira vibratória apoiada

Esse equipamento classifica os agregados reciclados. É constituído por caixa metálica, com telas, motor elétrico, eixo excêntrico e correias trapezoidais. O agregado é lançado sobre a caixa de entrada, que transporta o material para a superfície de peneiramento, onde estão instaladas telas com seções que variam de dimensão. Dessa forma, o material passante é classificado em faixas granulométricas.
O peneiramento ocorre ao ser acionado o motor elétrico, que transmite a potência necessária ao eixo excêntrico, por intermédio de correias, produzindo vibrações que resultam em movimento linear, que desloca o agregado ao longo do corpo da peneira e o classifica conduzindo-o às diversas telas e suas respectivas baias. 

e) Produto

A usina produz dois tipos de materiais em função da matéria-prima. Os materiais provenientes de argila, tijolos e telhas irão gerar um reciclado semelhante ao “cascalho” ou “salmourão” tecnicamente denominado “bica corrida”. Os provenientes de concreto resultarão em quatro faixas granulométricas: areia, pedrisco, pedra 1 e “pedra rachão” ou “pedra maior”, assim denominados pelo entrevistado A1.

[...] o que é proveniente de argila, é o resto do tijolo de barro, telha de barro, entendeu, terra, todo esse material ele é triturado, ele é feito uma grande leira, um grande monte de terra, e isso aí ele serve para substituir o material, o cascalho e o salmourão que era utilizado para cobertura de estrada [...] material do concreto ele é triturado, britado e peneirado, um processo de peneiramento e classificação. Então ele é classificado em quatro grãos: areia, pedrisco, a pedra 1 e a pedra rachão, a pedra maior, esse material é vendido normalmente, a pedra, a areia, pedrisco [...] [ENTREVISTADO A1].

Os agregados reciclados produzidos pela usina são aplicados em pavimentação e elementos construtivos que solicitem baixas resistências. O “cascalho”, ou “salmourão”, citado anteriormente, é quase totalmente consumido pelas obras municipais de pavimentação. Segundo o entrevistado A1, a pedra maior é aplicada na execução de drenos, ao passo que a areia, o pedrisco e a pedra 1 são utilizados na execução de edificações.

 [...] é a pedra maior, ela é normalmente [...] ela não é usada para construção, que é uma pedra grande, mas ela pode ser utilizada ou pela Prefeitura ou pelas construtoras que estão fazendo asfalto na cidade, para também fazer base de asfalto ou fazer drenagem, fazer drenos.[...] [ENTREVISTADO A1].

A seguir, o entrevistado A2 denomina “bica-corrida” o rachão “salmourão” e explica o tipo de reciclados produzidos na usina e suas aplicações.

[...] o resíduo de concreto passa por uma trituração, da trituração joga o resíduo num conjunto de peneiras, essas peneiras é [...] que vão fazer a separação do material por granulação.
Então, vou conseguir resgatar o resíduo do concreto em quatro granulações [...]
Um mais grosso, que é considerado assim [...] uma pedra 4 [...] uma pedra 1, o pedrisco e a areia. Isso daí, é o resíduo quando eu tiver triturando o concreto.
Então, essas quatro granulações, aí depois [...] todo esse material de concreto, a areia, o pedrisco, as pedras, eles retornam novamente para construção civil.
É para se fazer [...] contrapiso, calçada [...] nada estrutural. Esse material tem essa ressalva, porque a gente ainda [...] não tem um laudo técnico, que esteja indicando esse material para estruturas, então [...] ele volta na forma de contrapiso e calçadas, é a única indicação que a gente está passando para o cliente.
[...] esse material é vendido, e [...] a receita volta, vem para a Cooperativa, que aqui é uma Cooperativa, é toda manipulada pela Prefeitura, organização, tudo, mas eles recebem o salário deles já dão [...] do resultado da venda desses materiais.
[...] Então é isso, na parte do concreto, o trabalho é assim. E depois, [...] a outra fração de uma demolição é a parte de tijolo, telha, material cerâmico.
Esse material cerâmico, ele entra no mesmo processo de trituração. Só que depois eu elimino essa parte de peneiramento desse material, para se estar extraindo essas [...] essas granulações, porque eu não vou encontrar no tijolo, não vou encontrar areia, nem pedrisco, nem pedra.
Então, o material cerâmico ele só é triturado e depois ele fica acumulado aqui, na forma assim [...] de uma bica corrida. Forma-se aí uma grande montanha; esse material, ele tem o destino de estar sendo utilizado na manutenção de estradas de terra.
Então, nosso município tem várias estradas de terra que estão sendo feitas a manutenção, como problemas de erosão. [...] esse material, ele é colocado, na estrada depois ele é compactado com o rolo compressor. E é um material derivado do tijolo e da telha basicamente [ENTREVISTADO A2].

A areia, segundo o entrevistado A2, é considerada pela usina como um material mais nobre devido ao tempo que leva para ser produzida em quantidade suficiente para a venda. Ela pode ser utilizada de diversas maneiras, como na confecção de peças não estruturais. Já se observou uma boa aceitação desse material, principalmente em obras de autoconstrução, ou seja, seu uso tem sido bem aceito em bairros populares. Observa-se, contudo, também a utilização desse material em condomínios mais nobres, que recentemente aproveitaram-no para execução de calçadas e pavimentos.
A capacidade de produção da usina é de 50 metros cúbicos por dia de agregados reciclados, mas sua produção diária está em torno de 15 metros cúbicos, ou seja, 30% de sua capacidade total.

[...] nós temos uma estatística que mostra que é por volta de 90 toneladas por dia. Isso dá por volta de 50/52m3. [...] o problema é que nem todo entulho chega a central de triagem, então nós temos hoje da capacidade instalada operando com 70% [...], ou seja, temos ainda 30% com capacidade ociosa, que nós estamos tentando determinar onde é que está fugindo esse entulho e assim [...] ser reciclado. [...] Então [...] é aquilo que eu te falei, estamos reciclando 70% daquilo que nós imaginamos que seja produzido. [ENTREVISTADO A1].

Não existem laudos técnicos que permitam uma utilização mais ampliada dos materiais dessa usina. O usuário do produto recebe orientação técnica da usina de que o material deverá ser usado em obras sem função estrutural.

[...] contrapiso, calçada [...] nada estrutural. Esse material tem essa ressalva, porque a gente ainda não tem ainda um laudo técnico, que esteja indicando esse material para estruturas, né, então [...] ele volta na forma de contrapiso e calçadas, é a única indicação que a gente está passando para o cliente [ENTREVISTADOA2].
[...] o uso desse material na obra, por exemplo, esse cidadão que está fazendo a casinha dele lá, se, por exemplo, está usando uma areia [...] é [...] assim [...] quanto às propriedades técnicas, se você usou umaareia que ela vem com certo teor de poluição, vamos falar poluição entre aspas, porque não é uma areia deuma procedência natural como seria um extraído de alguma [...] fonte [...] E nesse caso ele vai compor com cimento, água tal, ele tem uma resistência e essa resistência, a princípio, ela poderia ficar muito abaixo, usualmente seria usada por uma edificação de dois pavimentos, por exemplo.
[...] Esse material, ele é utilizado não para obras de sustentação, não para vigas, não para pilares, isso nós fazemos questão de a pessoa assinar esse compromisso. [...] Porque elas usam apenas em contrapiso, em assentamento de piso, assentamento de [...] de ladrilhos etal.
[...] Sem função estrutural. Por quê? Porque nós não temos é [...] os ensaios que comprovem a durabilidade, a resistência desse material. Agora, essa questão de impureza, eu acho até que é um pouco de preconceito da gente. Porque o material virgem, às vezes, é mais impuro que esse material. O material virgem normalmente, na nossa região, ele é tirado da beira do rio e nós sabemos como estão nossos rios [...]
[...] Enquanto esse material, [...] já foi feito o processo de mistura, na primeira vez, ele já teve um processo de cura, tá certo, então as impurezas, entre aspas, que existiam ali deixaram de existir nesse processo de cura.
[...] É [...] é a reação química do cimento, é o cimento no momento que ele reage, que ele reage para endurecer, para enrijecer. Aquela peça, ela tem uma reação química e aquilo lá, a temperatura daquilo [...] supera a resistência de qualquer bactéria, então tem uma reação química que esquenta por dentro e petrifica.
Depois quando você brita, você volta para o pó, ele é tranquilamente uma areia com menos impureza do que
 [...] isso estamos falando sem ter feito um estudo técnico tal, mas isso com certeza [...] se pode ver [...]
[...] Como é, de onde que vem essa areia que eu trituro? Ela vem já de um local, onde já foi usada essa areia, ou para assentar um bloco ou para fabricar um bloco ou para assentar um tijolo [...]
 [...] Quando ela fez esse processo, lá no começo, já passou por um processo de cura quando foi feito o primeiro bloco com aquela areia que saiu do rio. Lá já foi feito um processo de cura. O que eu pego agora?
Pego pedaço de bloco e reciclo.
Só que aquele pedaço de bloco é proveniente de uma areia, de pedra e de um cimento que já passou por um processo de cura.
[...] então, eu não faço nada, só trituro, mas ele já passou por um processo de cura [ENTREVISTADO A1]

f) Atores sociais

Existe uma cooperativa que divide o mesmo espaço com a usina de reciclagem. Essa cooperativa realiza tarefas de triagem, segregação e acondicionamento do material arrecadado na coleta seletiva e o encaminha para as empresas recicladoras.

[...] aqui é uma Cooperativa, é toda manipulada pela Prefeitura, tal, né, organização [...]
[...] Em conjunto com essa reciclagem propriamente dita do entulho de construção, a gente também, dentro do mesmo espaço, tem a coleta seletiva.
 [...] o material que vem dentro da gaiola, ele é reciclado. É, mas aqui a gente só faz a separação, a gente não recicla nada aqui, nem de plástico, nem vidro, papelão, latas, né. A gente só acondiciona aqui, tudo separado, e vende para as indústrias recicladoras.
[...] não atrapalha no nosso trabalho aqui, porque a gente já é uma central de triagem mesmo [ENTREVISTADO A2].

Até o momento somam-se dez pessoas trabalhando nesse espaço: seis pertencem à cooperativa e quatro são funcionários da prefeitura. A cooperativa, em seu processo de desenvolvimento, gera empregos e se aproxima de sua auto-suficiência, informa o entrevistado A2 no texto a seguir.

Hoje tem seis da Cooperativa e mais quatro da Prefeitura lá [...] não tinha nenhum da Prefeitura, então hoje tem três da Prefeitura, mais o coordenador, o encarregado, são dez pessoas trabalhando lá.
E esse pessoal da Prefeitura, [...] vamos falar assim [...] ele é a grosso modo [...] o pagamento desses [...] da Prefeitura [...] então eles estariam emprestados para a Cooperativa para ajudá-la. Porque eles fazem a coleta e a entrega. E ajudam também na separação [...] faz de tudo.         Então, dão uma força, tipo assim [...] são dez pessoas, na verdade nove. Porque não se conta o encarregado. O encarregado lá é para resolver outras coisas. Mas são nove para pagar o salário de seis.
 Que hoje está dando, tá sobrando. Então você consegue [...] a partir deste mês devemos ter mais um sétimo trabalhador, depois o oitavo, então [...] e aí com certeza, quando estiver perto dos quinze trabalhadores, aí ela vai estar auto-suficiente, porque aí se avolumam os recursos [ENTREVISTADO A2].

A renda gerada da venda de todo o segregado e reciclado é destinado à cooperativa.
[...] esse material é vendido, e [...] a receita, volta, vem para a Cooperativa, que aqui é uma Cooperativa, é toda manipulada pela Prefeitura, organização, tudo, mas eles recebem o salário deles [...] do resultado da venda desses materiais [ENTREVISTADO A2].

A seguir, o entrevistado A2 enfatiza as vantagens sociais e ambientais e esclarece como teve início a cooperativa.

[...] Vantagens sociais são, primeiro lá [...] lá na ponta, que é o barateamento do custo do material de construção, é [...] aqui no começo, que é a geração de emprego com a Cooperativa de trabalhadores. Então, você tem duas vantagens sociais. Tanto no barateamento da [...] moradia como geração de renda. Também tem duas vantagens ambientais no mínimo, que é você diminuir a extração de material virgem do meio ambiente, da natureza e você evitar que esse material, já uma vez utilizado, seja jogado nas valetas e venham assim assorear córregos, nascentes e matas.
Nós começamos a trabalhar desde 97 com uma entidade, trabalhando na geração de renda. Mas aí, ela fica muito [...] as pessoas [...] geração de renda [...] começa virar meio emprego, e a gente não quer trabalhar com essa questão de emprego, porque se você botar funcionário público ali para fazer [...] funcionalismo público ganha um pouco melhor do que na região, então, isso [...] o custo inviabilizaria o projeto. [...] sem contar que as pessoas que estão hoje marginalizadas, dificilmente passariam num concurso público para entrar na Prefeitura.
[...] Então a Prefeitura, essa questão de concurso público é importante, é democrático tal, mas ela meio que utiliza o funcionalismo, até aquele de serviços gerais. Meio que utiliza [...] o cara tem que ter 8ª  série para poder fazer uma boa prova. E não necessariamente será o melhor trabalhador lá, para essa obra. Então, nós procuramos o quê? Temo que dar um jeito de fazer com que essa pessoa que está marginalizada lá, que não consegue emprego numa indústria, que está é [...] vendendo, vendendo cachorro quente ou vendendo pipoca na praça, essa pessoa possa ter uma renda [...] Entendeu? Então, foi pensando nisso que a gente chegou na formulação da Cooperativa de trabalhadores. E o quê que é, a Prefeitura organizou todo o espaço e cedeu para Cooperativa, dali tirar a sua renda, desde que ela, faça o trabalho de acordo com as políticas é [...] definidas pela administração. Então eles estão hoje, ainda é pequena, hoje está com seis trabalhadores, a Cooperativa, ele tem vinte, mas tem seis trabalhando. É [...] cada mês a gente coloca mais um pelo menos, está. Só que não é só no [...] no entulho, a reciclagem tudo, também tem a Central de triagem de material reciclável, de coleta seletiva, está [...] tudo junto. Você viu lá. Lá tem todo um sistema junto. [...] Então sobra aqui,o pessoal trabalha ali, sobra ali [...] falta aqui [...] Ah! Então a área da Usina, ela funciona não só especificamente para entulho. Ela é uma central de triagem de resíduo sólido, então ali entra também o [...] a coleta seletiva, então hoje se você falar quantos empregos dá o entulho, vou te dizer três empregos. Hoje, se você falar – três empregos - oito horas/dia. [...] mas ele pode dobrar ou triplicar dependendo do volume e da condição que agente venha, só que eu não tenho esse problema porque sobrou aqui eu uso ali [ENTREVISTADO A2].

A Secretaria de Habitação da cidade desenvolveu um programa que favorece e incentiva a autoconstrução e que disponibiliza o material reciclado à comunidade.

Então nós temos o cadastro na Secretaria da Habitação de pessoas que estão em loteamentos urbanizados, construindo sua própria casa. Essas pessoas se cadastram para comprar esse material. Então é feito de uma forma social, não é vendido para quem quiser, é vendido de uma forma social. Essas pessoas fazem uma fila, se colocam eu quero [...] quero tantos metros de areia, tantos metros de areia, tantos metros de pedra, então vai botando numa fila e as pessoas vão comprando a um preço menos da metade do preço da praça do preço do material virgem. [...] é o movimento de moradia, o quê que é esse movimento de moradia, não é o marajá, não é o magnata. O movimento de moradia não entra pessoa que não tem casa, são os sem casas, sem-teto. Essas pessoas fizeram um cadastro na Secretaria de Habitação que os acompanha em implantação de lotes urbanizados. A Prefeitura entra com lotes urbanizados num sistema de parceria com o proprietário, e eles estão construindo a sua própria casa, é a autoconstrução, ou antigamente se chamava de mutirão, mutirão familiar. Então as pessoas entram e aí ela tem que economizar, então [...] uma forma de ajudar na economia dessas pessoas é está fornecendo esse material a baixo custo. [...] o mercado você pega por volta de R$ 28,00 o metro de areia, nós vendemos a R$ 15,00. O mercado cobra R$26,00/R$ 27,00 o metro de pedra, nós vendemos a R$ 12,00 [ENTREVISTADO A2].

Segundo esse último entrevistado, o material reciclado tem uma boa aceitação no mercado e existe um grande interesse da comunidade em adquiri-lo. No ato da compra, o consumidor assina um documento de compromisso quanto ao uso e aplicação desse material.

[...] Esse material, ele é utilizado não para obras de sustentação, não para vigas, não para pilares, isso nós fazemos questão da pessoa assinar esse compromisso. Porque elas usam apenas em contra piso, em assentamento de piso, assentamento de [...] de ladrilhos. Sem função estrutural. Ele é funcional desde que ele seja [...] a pessoa planeja a hora que ela vai precisar, por exemplo, não adianta ela pedir areia na hora que ela está fazendo as lajes, as vigas e os pilares, que ela vai deixar, ela vai ficar [...] o material lá parado sem usar. Ela não vai usar aquele material, ela tem que pedir na hora que ela estiver fazendo o contra piso, na hora que ela estiver fazendo o assentamento de determinada [...] de tijolos ou algo parecido, entendeu então, a hora que estiver fazendo baldrame, por exemplo, dá para usar com pedra tal, ela tem que usar na hora que ela tem que pedir na hora que ele então por isso ela [...] O problema é o seguinte, tem uma fila de pessoas, então as pessoas já se preparam, vou precisar desse produto mês que vem, então a gente já [...] já programa mês que vem. [...] Já tem gente na frente comprando, então, a gente vai programando, a hora que outra pessoa falar que precisa para o mês que vem para tal dia, fala, não posso [...] só posso para tal dia, porque o dia que você pediu já tem gente na frente [ENTREVISTADO A2].

Além das autoconstruções, foram observados e identificados outros consumidores que utilizam os reciclados, dentre eles:
  • ·         Lojas comerciais, como floricultura, que utiliza em seus pátios ;
  • ·         Proprietários de sítios e chácaras que os utilizam nos acessos;
  • ·         Condomínios;
  • ·         A municipalidade.

[...] esse material é vendido normalmente, a pedra, a areia, pedrisco, é para o construtor: pequeno construtor, que é aquela pessoa que está construindo a própria casa. [...] a pedra maior, ela é normalmente [...] ela não é usada para construção, que é uma pedra grande, mas ela pode ser utilizada ou pela Prefeitura ou pelas construtoras que tão fazendo asfalto na cidade, também fazer base de asfalto ou fazer drenagem, fazer drenos [ENTREVISTADO A1].

Os operadores da usina representam um número pequeno de trabalhadores. Em 2002, ela contava com três homens: um operador do triturador, um operador da pá carregadeira e um operador que seleciona material. Existe também um coordenador, que é responsável pelas questões administrativas da usina.
Com a usina, eliminou-se a possibilidade de surgirem bota-foras na cidade, como relata o entrevistado A1, a seguir. Existem oito caçambeiros que fornecem a matéria-prima à usina, estando dois deles se capacitando, com o objetivo de se instalarem em um Centro de Triagem, que possibilitaria outra fonte de geração de emprego.


[...] acho que a gente melhorou muito de 97 pra cá, a gente conseguiu fechar muito bota-fora irregular, conseguiu apertar bem a [...] a correia aí, dos caçambeiros. [...] Ah! Mas existia para todo lado. [...] Qualquer beira de estrada tinha um bota-fora. [...] Fomos cortando [...] fomos cortando, fomos multando, fomos pegando, fomos regulamentando, fomos chegando junto [...] e fomos fechando, fechando junto com a Polícia Florestal, e aí o último que tinha aqui que era uma cerâmica, fechou [ENTREVISTADO A1].
Fonte do texto:.ietsp.com.br/ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS/Nelma Almeida Cunha